Toda criança tem direito a uma infância protegida

Por

Jénerson Alves*

Em 27.05.2022

“Cuidar das crianças é cuidar do futuro” é uma frase a ser repetida incansavelmente, pela carga de verdade que possui. Ora, a forma como a sociedade cuida dos pequenos é um indicativo de civilidade (ou da falta dela).

Vemos um cenário no qual as crianças estão em vulnerabilidade. A ONG Visão Mundial apresentou um estudo inédito no último dia 17, apontando que o problema que mais afeta as crianças e adolescentes brasileiros é a violência sexual. Em Pernambuco, a Secretaria de Defesa Social informou que, em 2021, ocorreram 1.816 casos de abuso contra crianças e adolescentes, um aumento de quase 15% comparado ao mesmo período de 2020, quando 1.581 crianças e adolescentes foram vítimas desse tipo de crueldade.

Entre os mecanismos de proteção infantojuvenil estão os Conselhos Tutelares, instituídos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Esses órgãos têm enfrentado vários desafios, como baixos salários, falta de pagamento de diárias, infraestrutura precária, desvio de funções e abuso de autoridade por outras instituições. Na quinta-feira (26), houve um encontro na Assembleia Legislativa de Pernambuco, articulado pelo deputado Erick Lessa, reunindo representantes de mais de 30 municípios para promover melhorias à classe. Uma das lutas será a consolidação do Piso Nacional Salarial da categoria, e os encaminhamentos para isso já estão começando.

Estima-se que no Brasil 40 mil crianças e adolescentes estão inseridos em acolhimento institucional. Esse número revela a enormidade de famílias desfuncionais, com violência intrafamiliar, prisão, drogadição e outras questões. Não raramente, até mesmo a família extensa não consegue suprir as necessidades da criança. Neste cenário, a adoção e o apadrinhamento afetivo podem ser caminhos de solução.

Para tanto, é preciso que toda a sociedade desenvolva um olhar mais empático aos pequenos. Que nestes dias ecoem as palavras do profeta: “Aprendam a fazer o bem; busquem a justiça, repreendam o opressor; garantam o direito dos órfãos, defendam a causa das viúvas” (Is 1:17).

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.  

Foto: Viliane Gomes/Divulgação