O que é a verdade?

Por

Jénerson Alves*

Em 24.07.2020

No Evangelho, S. João (cap. 18, vers. 38) registra a pergunta que Pôncio Pilatos fez ao Senhor Jesus Cristo: “Quid est veritas?”, ou seja, “o que é a verdade?”. De certa forma, esta é uma pergunta que deveria ecoar nos dias de hoje. Vivemos um tempo em que ‘fake news’ se espalham com assustadora velocidade. Não por acaso, o Dicionário de Oxford escolheu como palavra do ano de 2016 o verbete ‘pós-verdade’, cujo significado é “relativo a ou que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos são menos influenciadores na formação da opinião pública do que apelos à emoção ou à crença pessoal”.

Como uma tentativa de responder à indagação do governador romano, poderíamos dizer que, grosso modo, a verdade consiste na correspondência entre proposição e fato. Vamos dar um exemplo. Se alguém diz: “A grama é verde”, é possível realizar a verificação apodídica, observando a cor da grama e constatando a veracidade da assertiva.

Ao contrário do que proclamam os sofistas atuais, filósofos como Aristóteles e Santo Tomás de Aquino apontam a verdade das coisas. Por mais que tentem maquiar fatos, fenômenos e identidades com elementos ideológicos – os quais são falsos por excelência –, a verdade se mantém firme como uma rocha.

Na pós-modernidade, a apresentação de fatos e a argumentação racional têm perdido espaço para apelos emocionais – que, não raramente, são eivados de irracionalismo e irascibilidade. A mentira sempre procura tomar ares de verdade (afinal de contas, ninguém falsifica uma nota de três reais). Neste contexto, refulge como profética uma frase do escritor britânico do primeiro terço do século XX, G. K. Chesterton, que disse: “chegará o tempo em que teremos de provar ao mundo que a grama é verde”.

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel.

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