Vacinar é preciso
José Ambrósio*
Em 02.09.2020
Não, eu confesso que não acreditei logo que ouvi a informação de que o presidente Jair Bolsonaro estava se posicionando contra a vacinação quando se tiver um imunizante que proteja da ação devastadora do novo coronavírus. Eu estava caminhando no Calçadão de Candeias (Jaboatão dos Guararapes) com o meu cachorrinho e duas pessoas comentavam ‘a última do Bolsonaro’, em tom de reprovação. Mas também confesso que a minha incredulidade logo se dissipou; foi só me lembrar de outros posicionamentos não menos irresponsáveis e nocivos, principalmente para a população mais vulnerável e susceptível ao que fala um mandatário da Nação, que muitos costumam seguir cegamente. Aliás, um presidente que tem Messias no nome até já se insinuou talvez como se fosse um semideus ao declarar, no dia 28 de abril, que era Messias, mas não fazia milagre. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o que? eu sou Messias, mas não faço milagres”, disse a uma repórter ao ser lembrado que naquele dia o Brasil superava a China em número de mortes pela Covid-19.
Ao chegar em casa fui logo checar a informação. Era tudo verdade, e eu já sabia. “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, disse Bolsonaro em resposta a a uma apoiadora que pediu para que o governo federal proíba a vacinação contra a Covid-19. Estava em todos os veículos de informação.
Um profundo desrespeito às famílias dos mais de 120 mil brasileiros mortos pela Covid-19 e aos quase 4 milhões de infectados que lutam desesperadamente pela vida, rogando – os religiosos – por uma vacina. Uma afronta à ciência que trabalha incansavelmente no desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19 em todo o mundo.
E além de contrariar Lei sancionada por ele próprio em fevereiro deste ano (o Artigo 3º da Lei 13.979, diz que a vacinação e outras medidas profiláticas são compulsórias em caso de pandemia do coronavírus), Bolsonaro usa a máquina pública para dar publicidade ao seu pensamento (pensamento?). Peça publicitária da Secretaria de Comunicação da Presidência da República repete a sua frase contraria à obrigatoriedade de vacinas.
Diz a peça publicitária: “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”. E traz o nome do presidente, Jair Bolsonaro. E acrescenta: O Governo do Brasil preza pelas liberdades dos brasileiros.
A ‘campanha’ do presidente Bolsonaro é duramente criticada por autoridades sanitárias. “A gente tem nas vacinas as melhores ferramentas de proteção individual e pública. Quando você se vacina, não está protegendo apenas você mesmo, mas a comunidade”, diz Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBMi). Vice-presidente da SBMi, Isabella Ballalai afirma que a fala do presidente pode “confundir ainda mais (as pessoas) em um momento em que tudo já está bastante confuso.”
Bolsonaro presta mais um grande e inaceitável desserviço à saúde publica. Ainda bem que a julgar pela manifestação da opinião publica, a pregação do ‘Messias’ pode não ter muito alcance. Pesquisa realizada pelo DataFolha revela que 89% da população brasileira deseja SIM tomar a vacina contra a Covid-19. Os que disseram NÂO somam apenas 09%, e somente 03% responderam não saber. A pesquisa foi a campo nos dias 11 e 12 de agosto.
*José Ambrósio é jornalista.
Nada surpreende vindo de Bozo e dos seus asseclas. Brasil sem sorte. Cada governante pior do que o outro. Mudem, brasileiros! Pra melhor. É possível.
Prezado Ambrósio, parabéns mais uma vez pelo texto/ denúncia! Você chama a atenção no seu texto pela falta de responsabilidade do chefe da nação brasileira com a sua gente. A vacina é a possibilidade efetiva que temos para nos imunizar da COVID19 quando surgir. É o que temos de mais assertivo para combater o vírus. Essas declarações veiculadas pela presidência da República é perversa, desrespeitosa e desumana.
Obrigado, Vera. Impossível aceitar passivamente posicionamentos que podem causar prejuízo devastador a uma população já tão vulnerável (a maior parte) em razão das desigualdades, condição agravada com a pouca escolaridade/analfabetismo, que são políticas públicas dos governantes brasileiros.
Estimado Ambrósio, me somo à sua indignação ante mais um episódio deplorável. inaceitável aceitar tamanhas e absurdas declarações desse ser humano insano.
Isso mesmo, Wilson. Lastimável, como você costuma classificar essas atitudes absurdas. Obrigado.