Amor de irmãos

Por

Valéria Saraiva*
Em 05.09.2020

Quando a minha mãe sofreu um acidente e fraturou os ossos do quadril, ela sentiu uma dor tão forte que achou que iria morrer. Naquele instante, a primeira coisa que ela me pediu foi pra falar com Noilson, meu tio e irmão dela.

Meu tio e minha mãe eram muito unidos durante toda a minha infância e adolescência. Eles sempre andavam juntos. Tanto que quem não sabia que eram irmãos poderia achar que se tratasse de marido e mulher. Um sempre cuidando e ajudando o outro.

Essa foi a criação que meus avós passaram a eles e todos os meus tios: nunca abandone um irmão. Nunca deixe um irmão seu passando necessidade.

Recebi dos meus pais a mesma criação. Fomos criados para sermos independentes, mas sem perder o vínculo familiar. A minha família é o meu porto seguro. E graças a Deus somos muito unidos.

Minha mãe e meu tio estavam com a amizade deles abalada por intrigas e motivos fúteis que os tinham afastado. Mas o amor de irmãos falou mais alto naquela hora.

Criticando a segregação racial que combateu com tenacidade – mas com a brandura da não violência – nos EUA, até que foi por ela abatido em 1968, o prêmio Nobel da Paz de 1964 Martin Luther King, nos deixou esse ensinamento/advertência: “Aprendemos a voar como pássaros e a nadar como os peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos.”

Sempre haverá problemas e outros motivos para brigas, mas o laço que une os irmãos é mais forte que qualquer coisa.

E fora nossos irmãos de sangue, a vida também nos traz de presente amigos que se tornam nossos irmãos por afinidade.

Como também nos ensinou outro prêmio Nobel da Paz (1993), o líder sul-africano Nelson Mandela, considerado o mais importante líder da África Negra: “Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viver como irmãos.”

Fico por aqui deixando uma pergunta para você refletir:  Você já ligou pra o seu irmão hoje?

*Valéria Saraiva é enfermeira, poetisa, cronista, autora do livro “Lírios, Tulipas e escorpiões” e membro da Academia Cabense de Letras.

Foto destaque: eusemfronteiras.com.br