Malala diz que pandemia não pode ser desculpa para atrasar a educação
José Ambrósio dos Santos*
Em 18.09.2020
Em mensagem a representantes de governos, sociedade civil, autoridades locais, organizações internacionais e do setor privado hoje (18.9), no primeiro Momento Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), num encontro virtual na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), nos EUA, a Prêmio Nobel da Paz de 2014 e mensageira da Paz da ONU, Malala Yousafzai, disse que a pandemia da Covid-19 é um revés na busca de objetivos coletivos, mas ressaltou que não pode ser uma desculpa para atrasar a educação e se ter como meta voltar ao que era antes.
A jovem paquistanesa que lidera um fundo para levar 130 milhões de meninas à escola, destacou que somente no setor da educação, mais de 20 milhões de meninas jamais retornarão às aulas após a crise. A lacuna de financiamento global no setor aumentou para US$ 200 bilhões por ano. Ela defendeu um compromisso profundo por um mundo onde todas as meninas possam aprender e liderar e um lugar onde se dê prioridade às pessoas e ao planeta ao invés do lucro.
Malala disse esperar que a comunidade internacional assuma compromissos e possa cumpri-los, além de estabelecer normas de “uma nova era sustentável, saudável, educada e igualitária.”
O discurso de Malala encontrou eco inclusive no secretário-geral da ONU, António Guterres, Depois de afirmar que a pandemia é o maior desafio desde a criação da ONU, em 1945, ele destacou que as decisões tomadas nos próximos meses e anos determinarão a posição do mundo em 2030. Segundo afirmou, é preciso ter ambição para avançar concentrando na economia e na recuperação da Covid-19 como mais importantes.
O alerta de Malala coincide com a informação, ontem, pelo UNICEF, de que a pandemia jogou mais 150 milhões de crianças na pobreza. Estudo realizado em parceria com a organização britânica Save the Children revela que cerca de 1,2 bilhão de crianças estão vivendo na chamada pobreza multidimensional. A que inclui falta de serviços básicos como água, educação e saúde para o desenvolvimento dos menores. O aumento de 15% ocorreu em países de rendas baixa e média.
O estudo revela que cerca de 45% das crianças foram severamente privadas de pelo menos uma dessas necessidades numa análise antes da pandemia. Para o Unicef, com as consequências da Covid-19 na economia, este quadro deve piorar nos próximos meses.
Crianças que perdem a chance de educação são mais facilmente levadas ao trabalho infantil e ao casamento precoce ficando presas por vários anos num círculo de pobreza, segundo alertou Inger Ashing, da Save the Children. A representante do UNICEF, Henrietta Fore, disse que os governos têm que priorizar as crianças mais marginalizadas e as famílias com uma expansão rápida de sistemas de proteção social incluindo transferência de dinheiro, benefícios para a criança, oportunidades de ensino a distância, serviços de saúde e merenda escolar.
E tudo isso precisa ser feito agora.
*José Ambrósio dos Santos é jornalista e membro da Academia Cabense de Letras.
Foto destaque: ONU/Eskinder Debebe
Boa reflexão Ambrósio. A vida e as necessidades da criança não podem esperar , é para hoje. Parabéns!
Obrigado Vera. O descompromisso com a educação é criminosa e burra. Perdem as crianças, as famílias, uma povo´, uma nação.