JOVENS AUTORES – A cultura do ‘cancelamento’ é o clímax da tragédia na qual nos tornamos

Por

Rui Xavier Filho*

Em 18.09.2020

Você já pensou? Sua vida inteira ser esquecida por causa de uma mensagem e sua carreira profissional ser sinônimo de fracasso por conta de uma frase solta? Absurdo, não é? Então por que isto é feito e tão comum?

Da mesma forma que tudo já criado na história do mundo já foi usado para o bem e para o mal, Redes Sociais não seriam diferentes. Pessoas, em suma crianças e adolescentes, seres humanos em formação, escondem seus rostos com fotos de atores que gostam, ídolos, personagens de desenhos animados e vão para a ‘terra sem lei’ online para agirem como juízes. Ditar o que é certo, o que deve-se fazer, o que nunca pode falar, julgando mais e mais pessoas sem saber nem o que dizem.

Eu tenho desconfiado das pessoas

Sempre duvidando das suas reais intenções

E quantas pessoas eu julgava boas

E hoje em dia tenho nojo das suas opiniões

Meu Deus, qual é o problema da Terra ?

Eu abro o meu celular falta sair sangue da tela

Ninguém liga ‘pra’ fazer o bem mais

A gente só liga ‘pra’ filtros em redes sociais

Só rivais, sem aliados

A gente cuida da vida dos outros do jeito errado

Ninguém liga ‘pra’ saber como ‘cê’ tem passado

Só ligam ‘pra’ falar mal do seu passado

Trecho da música ‘VALE DO FIM’ do albúm JINCHUURIKI, por LUCAS A.R.T

Em determinadas proporções, Alemanha Nazista, Itália Facista, Brasil entre 1964-1985, União Soviética de Stalin 1927-1953 e a cultura do cancelamento são iguais. Estes citados foram períodos de locais em que uma entidade superior exerceu seu poder para por suas própria leis de pensamentos e, quem não apoiasse-as, seria morto. A hipocrisia da história humana é que, desta vez, não são políticos, um determinado grupo, uma determinada escola de pensamento ou uma seita que está fazendo isto, mas sim, as próprias pessoas livres.

Entre 1941 e 1945, os Nazistas mataram em torno de 6 milhões de pessoas das mais cruéis formas que você possa imaginar. O motivo? Estas 6 milhões de pessoas não se encaixavam no padrão da sociedade perfeita. Qual ‘sociedade perfeita’? A que o líder do movimento, Adolf Hitler, descreveu e foi seguida como a certa.

No dia 2 de junho de 2020, o jogador profissional de World of Warcraft Byron Bernstein (mais conhecido pelo seu ‘nick’ no jogo, “Reckful”) suicidou-se após pedir sua parceira em casamento no Twitter. O motivo? Após o pedido, usuários começaram a atacar Byron, dizendo que o que ele estava fazendo “constrangedor” e pressionaram-o para apagar a publicação. Byron, que já sofria de depressão, tirou sua vida por não encaixar-se no normal da maioria das pessoas e ser pressionado por isto.

É muito fácil esconder-se atrás de uma tela e dirigir palavras raivosas, preconceitos e, muitas vezes, cometer crimes sérios. Mas, por ser muito trabalhoso e muito cansativo estudar para entender do que se trata, o que está falando e o assunto que está debatendo, muitos preferem ser curtos e grossos apenas ofendendo e escolhendo ‘cancelar‘ uma pessoa por um ato em um momento específico. Sem levar em consideração que o Planeta gira e que as pessoas mudam. Tome cuidado com o que fizer, os ‘canceladores juízes‘ estarão lá para te derrubar.

*Rui Xavier Filho, 16 anos, é aluno do 1º ano do Ensino Médio na Escola Parque-Piedade.

NOTA DO EDITOR

Com este artigo assinado por Rui Xavier Filho, de apenas 16 anos de idade, o blog Falou e Disse dá sequência à coluna JOVENS AUTORES. O espaço é destinado a estimular e encorajar adolescentes e jovens a compartilharem as suas ideias e os seus pontos de vista de maneira mais ampla, buscando publicar crônicas e artigos sobre os mais variados temas.

O artigo A cultura do ‘cancelamento’ é o clímax da tragédia na qual nos tornamos foi editado respeitando-se a íntegra do texto recebido.

Textos para publicação no espaço JOVENS AUTORES devem ser encaminhados para o email ambrosiosantos@gmail.com