Preso no elevador

Por

José Ambrósio dos Santos*

Em 03.06.2022

Você já ficou preso ou presa no elevador?

Não?

Não deseje pra ninguém essa experiência que se para alguns pode significar até uma distração, a muitos (não sei se maioria) é aterradora.

Compreensível o medo, principalmente considerando a altura (andar) em que o elevador enguiçou.

Ontem à noite tive minha primeira experiência. O elevador parou no 13º andar, justamente o piso em que resido, no Edifício Parati, em Candeias, Jaboatão dos Guararapes (PE). Já ia me despedir das pessoas (outras três), quando a porta travou. Olhares de espanto? Não, creio que de constatação, em razão da recorrência das panes.

Que fazer?

De imediato a pessoa que estava mais próxima do interfone ligou para a portaria, que logo acionou a assistência técnica.

A pergunta que não quer calar: quanto tempo?

Cerca de meia hora, pois o técnico sairia de Boa Viagem (Recife), menos de 15 km, mas considerando o trânsito do horário (21h30) e as chuvas que continuavam caindo em toda a Região Metropolitana do Recife.

Os telefones celulares dispararam. Todos informando familiares. Eu havia descido apenas até a garagem, sem o telefone.

Amenidades eram predominantes nas conversas.

Meia hora.

Sinais de desconforto começaram a surgir.

A palavra claustrofobia foi pronunciada. Inevitável. Será?

É a segunda vez que fico presa no elevador, disse uma das pessoas, já demonstrando certa ansiedade.

Comigo é a quinta vez, disse outra.

40 minutos.

O técnico está chegando, informou o porteiro pelo interfone, o que foi reforçado por Gildo, um dos trabalhadores do prédio, que acompanhava tudo por uma fresta de pouco mais de um palmo aberta na porta.

O barulho ensurdecedor provocado pelo restaurante Meu Bar, ao lado do prédio, alvo de muitas denúncias ao poder público, entrou na pauta, claro. O incômodo é geral e é reclamado por moradores do primeiro ao 25º andar.

Alguém começou a comentar sobre a altura e as consequências de uma queda, mas foi logo interrompido e a conversa ganhou outro rumo, mas aprazível, quando uma das pessoas sugeriu que mandaria cervejas geladas logo que saísse dali.

Finalmente, risos.

Poucos minutos depois o técnico chegou e nos tirou do ‘sufoco’ que é ficar quase uma hora presos no elevador.

Engraçado é que ninguém xingou o síndico, a senhora do síndico, a mãe do síndico…

É que o síndico, Dalvanilson, era um dos ‘passageiros’. As advogadas Bruna e Kelly, ambas do Conselho Fiscal do Condomínio, completavam a ‘lotação’. Acabavam de sair de uma reunião.

*José Ambrósio dos Santos é jornalista e membro da Academia Cabense de Letras.

Imagem: Internet