Unicef quer apoio para socorrer 8 milhões de crianças que podem morrer de fome

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Unicef

Em 24.06.2022

Às vésperas da cúpula do Grupo dos Sete Países Mais Industrializados do Mundo, G7, agência da ONU pede US$ 1,2 bilhão para levar alimentos e tratamento a crianças em risco grave de inanição; nos 15 países mais afetados pela crise global de escassez de alimentos, a cada minuto um menor passa a sofrer com o problema

Às vésperas da cúpula do G7, o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) faz um apelo por US$ 1,2 bilhão para atender às necessidades urgentes de 8 milhões de crianças menores de cinco anos em risco de morte por definhamento grave.

Segundo a agência, a crise global de fome coloca uma criança em desnutrição grave a cada minuto em 15 países que sofrem com a escassez de alimentos, como na região do Chifre da África e no Sahel.

Mulher segura criança em Vijaynagar, na Índia.

© UNICEF/Prashanth Vishwanathan – Mulher segura criança em Vijaynagar, na Índia.

Crise alimentar global

Os menores podem morrer com a falta de cuidados terapêuticos imediatos. Este aumento no definhamento grave é um acréscimo aos níveis existentes de desnutrição infantil que o Unicef alertou que era como uma “caixa de pólvora” no mês passado.

A diretora executiva da agência da ONU, Catherine Russell, afirma que a ajuda alimentar é fundamental, mas não é possível salvar crianças da fome com sacos de trigo”. Ela reforça a necessidade de levar tratamento para os menores “antes que seja tarde demais”.

O Unicef explica que o aumento dos preços dos alimentos, a seca persistente devido às mudanças climáticas, conflitos, e o impacto econômico da pandemia continuam a aumentar a insegurança alimentar e nutricional das crianças em todo o mundo, resultando em “níveis catastróficos” de desnutrição grave em crianças menores de 5 anos.

Em resposta, o Unicef está intensificando seus esforços nos 15 países mais afetados.

Afeganistão, Burkina Faso, Chade, República Democrática do Congo, Etiópia, Haiti, Quênia, Madagascar, Mali, Níger, Nigéria, Somália, Sudão do Sul, Sudão e Iêmen serão incluídos em um plano de aceleração para ajudar a evitar o aumento nos casos de crianças mortes e mitigar os danos a longo prazo do definhamento grave.

Efeitos da fome

Segundo o Unicef, o emagrecimento severo, no qual as crianças são muito magras para sua altura, é a forma mais visível e letal de desnutrição.

Mas o sistema imunológico também fica enfraquecido, o que aumenta o risco de morte entre crianças menores de cinco anos em até 11 vezes em comparação com crianças bem nutridas.

Nos 15 países em maior risco, o Unicef estima que pelo menos 40 milhões de crianças sofrem de insegurança nutricional grave, o que significa que não estão recebendo a dieta diversificada mínima necessária para crescer e se desenvolver na primeira infância.

Além disso, 21 milhões de crianças sofrem de insegurança alimentar grave, o que significa que não têm acesso a alimentos suficientes para atender às necessidades mínimas, ficando em alto risco de definhamento grave.

Enquanto isso, o preço dos alimentos terapêuticos prontos para uso para tratar o definhamento grave subiu 16% nas últimas semanas devido a um aumento acentuado no custo dos ingredientes, deixando outras 600 mil crianças adicionais sem acesso a tratamento e correndo risco de morte.

Investimento

O Unicef explica que o valor de US$ 1,2 bilhão é necessário para fornecer um pacote essencial de serviços e cuidados de nutrição para evitar milhões de mortes infantis nos 15 países com maior risco.

O financiamento permitiria a proteção da nutrição materna e infantil, bem como o tratamento de crianças com desnutrição grave e a compra e distribuição de alimentos terapêuticos prontos para uso.

Catherine Russell afirma que é difícil descrever o que uma criança em definhamento grave, mas quando você conhece vê o sofrimento da forma mais letal de desnutrição, “você entende – e nunca esquece”.

A diretora executiva do Unicef afirma que os líderes reunidos na Alemanha para o G7 têm uma pequena janela de oportunidade para agir e salvar a vida dessas crianças. “Não há tempo a perder. Esperar que a fome seja declarada é esperar que as crianças morram.”, concluiu.

Foto: © WFP/Arete/Siegfried Modola – Deslocados internos na Nigéria