“Viver é lutar”

Por

Jénerson Alves*

Em 26.05.2023

“Viver é lutar”. Talvez seja esse o mais famoso verso da Canção do Tamoio, de Gonçalves Dias. O poema tornou-se uma vívida expressão do período romântico brasileiro, sobretudo em sua fase indianista. O indígena brasileiro representa o herói nacional. Na análise de Álvaro Lins e Aurélio Buarque de Holanda, Gonçalves Dias “interpretou como ninguém antes dele os temas e os sentimentos nacionais”.

Os biógrafos relatam que, para o próprio Gonçalves Dias, viver e lutar eram sinônimos. Conta-se que Machado de Assis, ao vê-lo, descreveu-o como “pequeno, baixo, ligeiro”. O maranhense era filho de uma mestiça com um português. Seu contato com a mãe cessou quando este tinha apenas 5 anos de idade; do pai ficou órfão aos 14. Mestiço e de cor, sentia as marcas do preconceito eivado naquela sociedade.

Foi autor de ‘Meditação’, poema contra a escravidão. De sua lavra também são livros como ‘Primeiros Cantos’, ‘Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão’, ‘Os Timbiras’, ‘Dicionário da Língua Tupi’, ‘O Brasil e a Oceania’, entre outros.

Em 2023, completar-se-ão 200 anos do nascimento de Gonçalves Dias, que ocorrera em 10 de agosto, em Caxias, Maranhão. A menos de cinco meses de tão relevante data para a literatura e para a história nacional, pouco (ou nada) se vê acerca de uma celebração oficial da federação referente àquele que, segundo Sílvio Romero, foi “autor do que há de mais nacional (…) na nossa literatura”.

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.

Imagem:  Copiada do site da Academia Brasileira de Letras.