Doenças quase eliminadas estão ressurgindo por falta de apoio à vacinação
ONU News
Em 25.04.2025
Surtos de sarampo, febre amarela e meningite estão sendo registrados ao redor do mundo, com tendência de alta em 2025; esforços de vacinação estão cada vez mais pressionados por cortes de financiamento e desinformação.
Cortes no financiamento global da saúde estão levando a um aumento nos surtos de doenças que as vacinas quase eliminaram.
O alerta veio da Organização Mundial da Saúde, OMS, nesta quinta-feira. A agência ressaltou que as vacinas salvaram cerca de 150 milhões de vidas nos últimos 50 anos, mas esse progresso está agora ameaçado.
Intensificação de surtos de sarampo
Em 2023, os casos de sarampo foram estimados em mais de 10,3 milhões, um aumento de 20% em comparação a 2022.
O número de ocorrências da doença vem aumentando ano após ano desde 2021, acompanhando as reduções na cobertura vacinal ocorridas durante e desde a pandemia de Covid-19 em muitas comunidades.
A OMS, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e parceiros humanitários alertaram que essa tendência deverá continuar em 2025, com a intensificação dos surtos em todo o mundo.
Nos últimos 12 meses, 138 países relataram casos de sarampo, com 61 deles enfrentando surtos grandes ou disruptivos, o maior número observado em qualquer período de 12 meses desde 2019.

Retorno da febre amarela, meningite e difteria
A febre amarela também está retornando. Após anos de declínio na África graças à melhoria do acesso às vacinas, o continente se deparou com um aumento de surtos este ano, com 124 casos confirmados relatados em 12 países.
Casos da doença também foram confirmados em 4 países das Américas, atingindo 131 pessoas.
A ocorrência da meningite na África também aumentou acentuadamente em 2024, e a tendência de alta continuou em 2025. Só nos primeiros três meses deste ano, mais de 5,5 mil casos suspeitos e quase 300 mortes foram relatados em 22 países.
Enfermidades como a difteria, que há muito tempo foram controladas ou praticamente desapareceram em muitos países, correm o risco de ressurgir.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que surtos de doenças preveníveis por vacinas estão aumentando em todo o mundo, “colocando vidas em risco e expondo os países a custos crescentes no tratamento”.
Ele declarou que países com recursos limitados devem investir nas intervenções de maior impacto, o que inclui vacinas.
A ameaça da desinformação
Os esforços de vacinação estão cada vez mais sob pressão devido a uma combinação de desinformação, crescimento populacional, crises humanitárias e cortes de financiamento.
No início deste mês, uma revisão da OMS em 108 países descobriu que quase metade está enfrentando interrupções moderadas ou graves em campanhas de vacinação, imunizações de rotina e cadeias de suprimentos devido à queda no apoio de doadores.
A diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, disse que a crise global de financiamento está “limitando severamente” a capacidade de vacinar contra o sarampo mais de 15 milhões de crianças vulneráveis em países frágeis e afetados por conflitos.
Especialistas em saúde enfatizam que a imunização é uma das intervenções de saúde mais econômicas. Cada dólar investido em vacinas gera um retorno estimado de US$ 54 por meio de melhor saúde e produtividade econômica.
Imagem destaque: Unicef/Delil Souleiman – Uma criança recebeu uma vacina de um funcionário do Departamento de Saúde no bairro de Ghwairan, cidade de Hasakeh, nordeste da Síria.