A história não perdoa os arrogantes

Por

Jairo Lima*

Em 02.08.2020

Não há dúvidas de que todos nós estamos em processo contínuo de evolução. O homem velho, pesado, que outrora era sanguinário, impiedoso, insensível… hoje peca quase que unicamente por negar-se às virtudes morais mais sublimes, aquelas que alvejam a sua alma. Infelizmente, dentre as nossas máculas, trazemos traços, por exemplo, da arrogância. Ela é parte, ainda, da essência humana.

Mas o bom de tudo é essa certeza de que estamos matriculados todos na mesma escola. Vivendo por aqui, vamos aprendendo sempre. Uma vez pelo amor, outra pela dor, mas assim caminha a humanidade. Muito embora tudo seja muito relativo, o grau de melhora naturalmente será sempre proporcional ao esforço investido neste sentido.

O orgulho, a vaidade, a ambição…são alguns dos sentimentos que dão o ar de uma deusa à arrogância. Mas se esse mundo cada vez mais globalizado, imperativo quanto a necessária sociabilidade como caminho indiscutível para se chegar ao topo do humanismo tem de um lado os que procuram melhorar-se, que aprendem com as quedas, que observam as lições alheias e se auto prescrevem o antídoto do amor ao próximo e sobretudo, a si mesmo, outros há, infelizmente, que preferem ser escravos do ronceirismo nas coisas. Bom, a vida é feita de escolhas!

Mas o fato é que o arrogante está ficando cada vez mais demodê, intolerável, visto que por não tolerar ninguém, ninguém mais o tolera. No aprendizado histórico, a humanidade foi aos poucos percebendo que o indivíduo arrogante caminha para trás feito caranguejo, segue se autodestruindo e, portanto, não serviram e nem servirão à sociedade, até porque o seu mundo é meramente pessoal. O egoísmo, seu fiel parceiro, também anda dando mostras de fadiga. Esse é o fatídico e verdadeiro “fim dos tempos”. Mas, que bom, assim seja!

A arrogância é uma doença da alma e, assim, é impossível a sua cura sem o exercício da humildade, da simplicidade e principalmente da alteridade. Quem não desenvolve a capacidade de se colocar no lugar de outrem, carrega uma miopia capaz de cegar-se ao ponto de sequer enxergar os próprios defeitos. Vê quem tem olhos para ver!

Mas dentro deste cenário de desvario, o que mais seja digno de lamentações talvez não sejam os ‘deuses arrogantes’. Desses a vida cobra cedo a conta, dando-lhes as lições necessárias, mas os súditos, pois como é triste vê-los se anularem, se maltratarem, se depreciando em troca de migalhas perecíveis, esses, os súditos penam ainda mais, porque sadicamente se iludem com o engodo da arrogância, caindo em verdadeiras armadilhas. Em detrimento de amar a si, amam a escravidão se amarrando às correntes insensíveis do arrogante, sem dar conta de que não existe liberdade sem o autoamor. Ainda bem que há opções e livre arbítrio à nossa disposição!

*Jairo Lima é poeta, artista plástico e membro da Academia Cabense de Letras. Escreve aos domingos.