Ouro pesqueirense em Tóquio?

Por

Andréa Galvão*

Em 02.09.2021

E quem disse que seria fácil? Ao ver que o filho nascera com uma deficiência física, a mãe de Jeosah Santos, vislumbrou uma caminhada por uma rota pedregosa em que os desafios enfrentados lhe causariam muita dor. Coração materno jamais se engana e este mesmo coração a fez gigante quando se fazia necessário defender o filho da discriminação, das piadinhas de mau gosto, de uma possível  invisibilidade. Essas intempéries quase paralisaram quem na verdade nasceu para ser campeão.
O que ninguém jamais supunha é que a professora Glébia Galvão entraria na vida dele para mudá-la definitivamente. Ela enxergou um potencial que até o próprio Jeosah Santos desconhecia, e se propôs a treiná-lo com o que era possível na modalidade de salto em distância. Determinada, aguerrida, insistente e mais outros adjetivos que lhe cabem muito bem, ela foi à luta! Nunca duvidem da sagacidade de um “Galvão”! Eles vão longe… Falo com propriedade!
Brincadeiras  à parte, a ação de Glébia se traduziu na superação de Jeosah, e o seu rendimento  o tornou campeão estadual, nacional, internacional e, por fim, a convocação para os Jogos Paralímpicos. A primeira participação no Rio de Janeiro, em 2016, e agora em Tóquio.
Ah, a épica Paralimpíada  de Tóquio…a única que foi adiada na história, em virtude da “pandemia da agonia” que até hoje nos aterroriza. Ela está passando! E Jeosah? Embarcou para competir na Paralimpíada da Terra do Sol Nascente. Glébia desta vez não pôde acompanhá-lo. As restrições sanitárias a impediram,  o que não é tão ruim. Pé quente como ela só, vai juntar-se a todos nós, pesqueirenses, logo mais às 23h, para torcer no classificatório por aquele que sempre foi medalha de ouro no jogo da vida!

*Andréa Galvão é professora de Língua Portuguesa e Arte no Colégio Santa Dorotéia, revisora ortográfica e redatora. É membro da Sociedade dos Poetas e Escritores de Pesqueira e da Academia Pesqueirense de Letras e Artes.

Foto destaque: Arquivo Pessoal