José Paulo Cavalcanti Filho, um ‘quase cantador’ na ABL

Por

Jénerson Alves*

Em 26.11.2021

Na noite da quinta-feira (25), o advogado e romancista José Paulo Cavalcanti Filho foi eleito como membro efetivo da Academia Brasileira de Letras (ABL). O pernambucano ocupa a cadeira 39, cujo patrono é Francisco Adolfo de Varnhagen, a qual era ocupada anteriormente pelo ex-vice-presidente da República Marco Maciel.

A chegada do novo acadêmico está sendo bastante celebrada. E com razão. Ele é autor, por exemplo, do livro ‘Fernando Pessoa, uma Quase Autobiografia’. A obra revela 55 novos heterônimos do escritor português e lança luzes sobre o quebra-cabeças que é o homem por trás do ‘drama em gente’ que é o autor de ‘Tabacaria’.

Pois bem; o mais recente imortal também é repleto de facetas. Além de advogado formado pela Faculdade de Direito do Recife, foi secretário-geral do Ministério da Justiça e ministro interino da mesma pasta no governo Sarney, além de ter sido presidente da então Empresa Brasileira de Notícias (atual Empresa Brasil de Comunicação). Com um vasto conhecimento, recebeu premiações em países como Romênia, Itália, França, Israel, Espanha, Holanda, Alemanha, Inglaterra, Rússia e Estados Unidos.

Em meio a tudo isso, ainda pode-se afirmar que ele é ‘quase’ um cantador. José Paulo é compadre de Ivanildo Vilanova, o maior nome vivo da cantoria. O jurista é autor do CD ‘Cantorias de Pé de Parede’, cujos versos foram interpretados pelo próprio Ivanildo e por Oliveira de Panelas, o ‘Pavarotti do Repente’. No disco, é feito um ‘passeio’ por vários gêneros da cantoria, sobretudo os mais melodiosos, a exemplo de ‘Segure o Remo’, ‘Quando eu ia ela voltava’, ‘Galope à Beira-Mar’, ‘Soletrado’ e ‘O que é que me falta fazer mais?’.

A arte da cantoria tem tudo a ver com o Portugal tão amado por José Paulo Cavalcanti – afinal de contas, nossos bardos são ‘herdeiros’ dos trovadores europeus. Certamente, os conterrâneos se alegram com a chegada de José Paulo à ABL. O seu estro, banhado pelos mares de Portugal e pelas águas do Pajeú, representa um nobre préstimo à nossa maior pátria, a qual é a língua portuguesa.

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.

Foto destaque: Divulgação