Por que aquela avenida do IPSEP se chama Jean Emille Favre?
Evaldo Costa*
Em 24.07.2020
Acho que todos os recifenses já vivemos a experiência de, ao anotar um endereço ou ao atentar para uma placa de rua, ficar curioso para saber quem foi Jean Emille Favre. É muito comum isso acontecer quando passamos pela avenida que tem este nome, aquela importantíssima via que liga a Mascarenhas de Moraes à avenida Recife, no IPSEP.
Na maior parte das vezes ficamos indiferentes aos nomes de rua que entram por nossos ouvidos ou são decifrados por nossos olhos. São apenas palavras, sem sentido ou utilidade outra que não seja ajudar a encontrar um endereço. Mas o nome Jean Emille Favre e outros assemelhados, sem dúvida, atiçam a curiosidade e até a irritação de quem tem dificuldade para pronunciar e mais ainda para escrever palavras de outras línguas.
Mas, afinal, quem foi Jean Emile Favre? Por que seu nome foi parar nas placas e nos cadastros comerciais? Quem se aprofunda na pesquisa mergulha em uma história triste, um típico exemplar de cinema-catástrofe sem final feliz.
O filme começa com cenas do Recife do final da década 1940. A data: 26 de julho de 1947, dia de céu azul e ar limpo. É sábado, pela manhã, e três dezenas de aviões militares fazem voos rasantes de um lado para o outro, quase tocando as torres das igrejas.
Corte suave e agora está em foco a Base Aérea do Recife, onde um bando de autoridades militares e convidados olham os aviões que passam assustadoramente baixos e aplaudem a habilidade dos pilotos. Vivíamos o imediato pós II Guerra Mundial. Era praxe fazer exercícios militares de grande visibilidade, para demonstrar a prontidão e a força de nossas tropas.
Para esta demonstração foram mobilizados dois tipos de equipamentos: 22 aviões bombardeiros A-30, que integravam o esquadrão sediado na base aérea de Cumbica, São Paulo, e nove Ventura Vega P-6, da base aérea do Recife.
A base aérea até o ano anterior pertencera às forças armadas americanas e funcionava como ponto de apoio na II Guerra Mundial, para enfrentar as tropas nazistas de Hitler. Estava toda decorada naquela manhã.
E as mais altas autoridades regionais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica estavam cercadas de convidados para assistir as manobras dos bombardeiros. O prefeito Clóvis Castro estava lá, e estava lá a fina flor da sociedade.
De repente, percebe-se que algo deu errado. Tornam-se nervosas as conversações entre a torre de comando e os pilotos participantes das manobras. E chega a notícia de que um dos aviões caiu no centro da cidade e se despedaçou no Rio Capibaribe, perto da Ponte Velha, depois de se enroscar na rede elétrica.
O repórter do Diario de Pernambuco que cobriu o desastre confessou no texto de página inteira publicado no dia seguinte: impossível descrever o horror da cena, com os corpos irreconhecíveis.
O sargento e mecânico de voo Jean Emile Favre estava nele. Era um dos cinco comandados do tenente Ênio Arminio Rosa, o piloto. Havia mais um aspirante, quatro sargentos e um soldado. Ele era paulistano e tinha 29 anos. A comoção foi enorme. Durante meses, anos, viveu-se o temor de tragédias semelhantes sempre que se via aviões voando baixo sobre a cidade.
E houve também muita solidariedade, muita vontade de consolar as famílias e de compensar a perda dos colegas de farda. Por isso, tempos depois, a Câmara Municipal deu o nome dele à avenida. Ideia generosa, mas pouco refletida. Vinte anos depois, o nome já provocava o estranhamento que sentimos hoje. E é fácil entender porque. Jean Emille não tinha nem sequer um conhecido no Recife. Estava aqui de passagem. Vale a pena este tipo de reconhecimento póstumo?
Chegará o dia no qual homenagens como nominação de ruas, praças e avenidas e denominação de equipamentos públicos serão decididos depois de análise demorada e atenta a critérios. Será necessário ter clareza sobre definir o tamanho e a efetividade da contribuição que o homenageado deu à coletividade, única justificativa aceitável.
O jovem sargento que perdeu a vida em um acidente de trabalho longe de casa certamente merece nossa consideração. E sua breve história de vida só pode ser contada em um filme triste. Mas aquelas placas do IPSEP nem de longe dão significado ao homem que recebeu o nome de Jean Emille Favre na certidão de batismo.
*Evaldo Costa é jornalista. Foi secretário de Imprensa/Comunicação dos governadores Miguel Arraes, Eduardo Campos e Paulo Câmara. Dirigiu a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e o Arquivo Público. Foi presidente do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco.
ÓTIMA MATÉRIA, ESTAVA HOJE REFLETINDO SOBRE O NOME DA ESCOLA ELEANOR ROOSEVELT, NOME DE UMA DAS PRINCIPAIS ESCOLAS DO IPSEP, DADO EM HOMENAGEM A PRIMEIRA DAMA DOS ESTADOS UNIDOS FAMOSA POR TER CRIADO OS FAMOSOS “DIREITOS HUMANOS”, QUE HOJE BENEFICIAM E MUITO OS VILÕES DA SOCIEDADE (OS BANDIDOS), E VEJA SÓ, MAIS UMA HOMENAGEM PÓSTUMA E ESTADUNIDENSE, PORQUE ACEITAMOS ESTAS COISAS?
Direitos Humanos beneficiam o olho do seu cu, nazista retardado!