Um necessário clichê

Por

Jénerson Alves*

Em 31.12.2021

Dizer que um Ano Novo representa novas oportunidades é um grande clichê. Aquela comparação do Ano Novo com uma página em branco é tão velha que chega cansa. Porém, longe de cair em desuso, é necessário utilizá-la cada vez mais. É preciso entender que, em certa medida, fazemos nossa própria história. Somos responsáveis por nossos atos, pensamentos, decisões.

É claro que não possuímos soberania quanto à nossa conjuntura. Essa tensão já foi muito bem definida pela célebre frase do filósofo espanhol Ortega y Gasset: “Yo soy yo y mi circunstancia, y si no la salvo a ella no me salvo yo”. As estâncias que nos circundam intervêm em nossas decisões e em nossa personalidade.

Ao contrário do que alguns podem pensar, as circunstâncias não são, necessariamente, positivas ou negativas. Não dá para lançar a responsabilidade sobre a nossa vida unicamente ao meio em que estamos inseridos. Mesmo diante de adversidades, é possível “salvar a circunstância” e, assim, “salvar-se”. É dar o melhor de si, dentro de suas possibilidades e limitações.

Que, neste ano que se inicia, possamos ter coragem para decidir sermos quem realmente somos. Os medos se transformam em monstros de fumaça quando decidimos ter coragem e fé. Não precisa ver a estrada completa, basta dar o primeiro passo. Não precisa saber como o livro vai terminar, basta escrever a primeira palavra.

E, aproveitando a circunstância, quero desejar a você um Ano Novo feliz e repleto de realizações. Sim, esse é outro clichê. Graças a Deus, temos esses clichês para nos estabilizar e fortalecer na jornada.

Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.

Foto destaque: Portrait of a man writing in his study, de Gustave Caillebotte