Você sabe o que é o amor?

Por

Jénerson Alves*

Em 21.01.2022   

Formada por duas vogais e duas consoantes, a palavra ‘amor’ se encontra nos lábios de (quase) todos. Recordo-me que, há algum tempo, li em algum lugar que havia mais de 135 mil músicas brasileiras registradas com ‘amor’ no título. Cá pra nós, acho que a maioria seja de roedeira. Afinal de contas, não raramente o amor traz lágrimas – para quem ama, não para quem é amado (quando o contrário ocorre, pode não ser amor)…

Pois bem; essa digressão me veio porque ontem pela manhã estava arrumando a estante e me deparei com uma edição de ‘Os quatro amores’, do célebre escritor britânico C. S. Lewis. Tirei um pouco da poeira da capa e, entre um espirro e outro (quem é alérgico o sabe), folheei novamente aquelas páginas.

Lewis apresenta os amores conforme a denominação grega. O primeiro seria o ‘storge’, ou Afeição, o mais humilde e difuso dos amores, por ser ofertado a quem estamos acostumados. O segundo, ‘philia’, é a Amizade, que brota do companheirismo, mas o supera. O terceiro é ‘eros’, o Amor Romântico, cuja voz diz: “É melhor sofrer com ela (a pessoa amada) do que ser feliz sem ela. Deixe que nossos corações sejam quebrados, desde que sejam quebrados juntos”. Por fim, há o ‘ágape’, a Caridade, isto é, o amor que vem de Deus – em Quem “não existe fome que necessite ser saciada, somente fartura que deseja se dar”.

Particularmente, acredito que esses quatro amores fazem parte da vida da gente. E deve ser assim, mesmo. Não há de ocultar-se nenhuma feição do amor, contudo o amor vindo de Deus resulta em equilíbrio para os demais. É diante deste Amor que, rendido, balbucio uma frase de Agostinho de Tagaste: “Fecisti nos ad Te et inquietum est cor nostrum donec requiescat in Te”.

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.     

Foto destaque: imagem: O beijo, de Francesco Hayez