O capítulo final de Lygia Fagundes Teles

Por
Andréa Galvão* 
Em 10.04.2022
Nascida em São Paulo no dia 19 de abril de 1923, Lygia se alfabetizou muito cedo e de um modo bem diferente; ela copiava em seu caderno as histórias que ouvia e depois tentava lê-las. Quando criança, estudou em alguns colégios tradicionais no Rio de Janeiro e em cidades paulistas.
Estreou na literatura aos 15 anos de idade, com o livro de contos “Porão e Sobrado.” Anos depois prestou vestibular para Direito, cursou, formou-se, mas o mundo da advocacia nunca a seduziu. As Letras a atraíam mais que qualquer outra coisa na vida. Sua consagrada carreira literária foi se consolidando aos poucos e, em 1954, publicou o grande romance “Ciranda de Pedra”, que décadas mais tarde foi adaptado para novela pela inesquecível Janete Clair e exibida pela Rede Globo. Essa versão televisiva da história foi absorvida por mim durante meses e me encantou sobremaneira. A escritora publicou outras obras importantes: “Antes do Baile Verde” (1970), “As Meninas” (1973), “Seminário dos Ratos” (1977), e o livro de contos “Filhos Pródigos” (1978).
Em plena ditadura militar foi uma das autoras do “Manifesto dos intelectuais” contra a censura. Em sua trajetória acumulou  prêmios como o Jabuti e Camões.
No ano de 1985 ela foi eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se a terceira mulher a entrar para a ABL, arrebatando todos os presentes durante sua posse com um discurso histórico que exaltava a produção literária 100% nacional.
Lygia, ultimamente, apresentava várias limitações, todavia, estava lúcida e ainda escrevia com regularidade. Havia por parte da família a intenção de celebrar o seu aniversário de 99 anos no dia 19 deste abril e até planejar para o próximo ano o centenário da literata em vida e com muita festa. Infelizmente não foi possível porque Deus lhe cerrou os olhos definitivamente no último domingo, dia 03. Tristes ficamos nós, mas com a certeza de que a obra deixada só prova que escrever é eternizar-se no papel e na memória das pessoas.

*Andréa Galvão é professora de Língua Portuguesa e Arte no Colégio Santa Dorotéia, revisora ortográfica e redatora. É membro da Sociedade dos Poetas e Escritores de Pesqueira e da Academia Pesqueirense de Letras e Artes.

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