A fé na Mãe das Montanhas

Por

Andréa Galvão*

Em 04.07.2022

A devoção à Virgem Maria se configura conforme os costumes de cada povo e as influências de cunho religioso que os mesmos recebem ao longo do tempo. Em se tratando de Pesqueira, pode-se afirmar com a mais absoluta veemência que seu povo foi agraciado com a sublime presença de Maria em muitos locais. Em tempos distintos e com singular aparência, ela deu o ar de sua graça literalmente em terras urubenses. Reza a lenda que uma pequena imagem foi encontrada na mata por uma jovem indígena e que ao levá-la para sua casa viu-a desaparecer imediatamente. Esse fato se sucedeu até que a Igreja que ganharia o seu nome na lendária Vila de Cimbres fosse construída, no século XXVII.

Segundo alguns historiadores, o culto à santa remonta ao ano de 1680, quando o lugarejo ainda se chamava Aldeia de Monte Alegre. É conveniente destacar que as celebrações ficaram ainda mais belas quando agregadas a rituais indígenas, revelando o sincretismo religioso tão forte por lá. A Mãe do Povo Xukuru do Ororubá é chamada por eles de Tamain. Por mim, sempre foi conhecida como sendo a madrinha do meu avô, que tinha nome de imperador. Sim. Seu Teodózio nos dizia que era comum na época os pais batizarem os filhos na matriz da vila e tomarem a santa por madrinha.

Tantas vezes o ouvi falar dela com fé e carinho. Frequentemente encontrava papéis amassados em sua carteira. Eram orações e louvores a Tamain que o mesmo carregava para se proteger. Ele, como bom caboclo, jamais se desapegou das tradições e passou todas elas para filhos e netos. Como neta, estou aqui para comprovar tal feito. No último sábado ( 02 de julho) foi dia de pedir, agradecer e rememorar essas histórias que são tão nossas e fortalecem sobremaneira a rica cultura desse lugar. Viva Nossa Senhora das Montanhas!

*Andréa Galvão é professora de Língua Portuguesa e Arte no Colégio Santa Dorotéia, revisora ortográfica e redatora. É membro da Sociedade dos Poetas e Escritores de Pesqueira e da Academia Pesqueirense de Letras e Artes.

Foto: Paróquia de Cimbres