Não é de hoje que elas são violentadas…

Por

Jénerson Alves*

Em 15.07.2022

Indignação. Repulsa. Asco. Um monstro fere um dos momentos mais lindos da vida de uma mulher. No momento em que ela dava à luz, como uma Maria, ele profanava a beleza da maternidade. Uma cena sórdida, pior do que qualquer roteiro de terror. Infelizmente, não é um caso isolado.

Não é de hoje que elas são violentadas, maltratadas, violadas, machucadas… Assim foi com Tamar, vítima de Amnon. Assim foi com as mulheres vitimadas pelos visigodos, quando da invasão de Roma, em 410. Assim foi com as monjas polonesas, nas mãos do Exército Vermelho, no século XX. Assim também é com inúmeras vítimas invisibilizadas, desconhecidas, cujas histórias não chegam à grande mídia.

Não raramente, querem culpabilizar a vítima. Quem conhece o caso de Marte Dalelv? A norueguesa que, em 2013, viajou ao Dubai, onde foi embriagada e estuprada. Ao prestar queixa naquele país muçulmano, ela recebeu uma sentença de 16 meses de prisão. A causa? Sexo extraconjugal. Se temos ojeriza ao estupro, certamente isso se deve à base judaico-cristã de nossa cultura…

Lembro-me de quando criticaram uma mulher que estava aos pés do Senhor Jesus. A resposta dele foi enfática: “Deixem-na em paz”” (Mateus 26:10). E, pensando em tantas mulheres – que poderiam ser minha mãe, irmã, sobrinha, filha, tia… – faço um rogo ao mesmo Cristo: “Que elas tenham paz…”

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.

Imagem: Susana e os velhos, de Annibale Carracci