A uma mãe que trabalha
Jénerson Alves*
Em 22.07.2022
A ti, que pela manhã sentes o abraço do filho como um convite para permanecer em casa. Diariamente escutas o mesmo pedido: “fica, mamãe!” Diariamente, esse pedido parece cravar teu coração. Diariamente, partes com o coração partido – e uma parte fica com a criança.
A ti, que toda tarde tiras força das lembranças para te manteres focada no labor. Recordas o sorriso do filho para conter as lágrimas que querem escorrer por tua face. Trabalhas por fora e por dentro trabalhas em ti. Manténs teu propósito e, a propósito, és completa. Porém, mesmo na completude há saudade.
A ti, que toda noite retornas ao lar e esqueces todo o peso da vida ao abraçar a parte do teu coração que pulsa fora de ti. Na falta de palavras, teu afago se converte no idioma do amor, ao qual teu filho compreende por meio da tradução do espírito dos seres humanos que vivenciam conexões cósmicas.
A ti, que mereces todo o respeito, toda admiração, todos os louros. Tu amas e educas, seja no lar ou na rua. Em paz, te dedico minha empatia. Bem sei: uma criança não é educada por apenas uma pessoa, mas por toda a sociedade. Todavia, nesta sociedade hodierna, em que o amargo é chamado de doce, és uma guerreira solitária, uma estrela cintilante em meio a um céu enegrecido. O Autor da Vida está ao teu lado, escrevendo através de ti (e em ti) uma bela história, nos livros dos céus e da terra.
*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.
Imagem: Breakfast in Bed, de Mary Cassatt (1897)