Crônicas

A força do repente 

Jénerson Alves*
Em 11.11.2022
Um dos emblemas da cultura popular, a cantoria de viola segue em ascensão no Nordeste. Inúmeras são as manifestações dessa arte, que se disseminam por vários estados. Aliando a tradição com o capitalismo, existe um forte mercado na cantoria, de modo que inúmeras famílias são sustentadas a partir dos acordes provenientes da viola de sete cordas.
Na semana passada, ocorreu o maior evento deste segmento: o Desafio Estado x Estado. Coordenado por Iponax Vila Nova, o festival reuniu os principais nomes do repentismo no Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande-PB. Durante quase quatro horas, os poetas se enfrentaram em uma acirrada competição, diante de um público maciço. O primeiro lugar foi conquistado pelo piauiense Hipólito Moura; todavia, o maior vitorioso do evento é o próprio repente, que vem alcançando patamares cada vez mais elevados.
Outro movimento importante desta arte acontecerá em Caruaru-PE, na sexta-feira (11). É o IV Festival de Violeiros Ivanildo Vila Nova, que será realizado na Estação Ferroviária a partir das 20h, com acesso gratuito à população. A iniciativa do poder público municipal tem como objetivo aproximar ainda mais os cantadores e o público em geral.
Observando exemplos como esses, recordo-me das palavras do pesquisador João Miguel Sautchuck: “Ao passo que a cantoria reproduz valores, habilidades, disposições e pessoas, ela refaz a si mesma. Diante de profundas mudanças sociais, como a urbanização e a difusão dos meios de comunicação de massas, sua prática e seus significados são reinventados e, por isso, a cantoria mantém sua função e sua vivacidade”.

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.

Imagem Foto: Desafio Estado x Estado, por Letícia Ferreira

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