Maria consola Eva

Por

Jénerson Alves*

Em 27.01.2023

Gravura feita pela freira Grace Remington, da Abadia Mississipi em Iowa (EUA), ‘A Virgem Maria Consola Eva’ é uma obra de arte de beleza inegável. A moldura em forma de árvore aponta para o Éden, no momento da Queda, registrado em Gênesis, capítulo 3. Eva apresenta um olhar de arrependimento e Maria, uma expressão de amor. A Virgem leva a mão da primeira mulher a sentir o seu ventre – do qual haveria de vir Aquele que pisaria na cabeça da serpente, segundo a profecia.

O contraste entre essas duas figuras femininas já foi muito abordado em vários momentos da história. Santo Tomás de Aquino, em um sermão, explanou que Eva procurou o fruto, sem achar nele a satisfação de seus desejos; já a agraciada achou em seu fruto tudo o que Eva desejou.

Ainda de acordo com o filósofo, Eva desejou três coisas: a deificação de si e de Adão; o deleite e o esplendor do fruto proibido. Todavia, tornou-se dessemelhante a Deus; encontrou a dor e o pecado. Maria, entretanto, uniu-se a Cristo, encontrando a suavidade da salvação e contemplou a beleza da glória dAquele que é “a expressa imagem do Pai” (cf. Hb 1).

Refletir neste assunto nos conduz a uma autoanálise. À semelhança de Eva, todos podemos ser engodados pelos nossos desejos, os quais nos levam a estradas lamacentas, tortuosas. A esperança renasce ao lembrarmos da Encarnação do Cristo, o qual, como disse Santo Tomás de Aquino, “ultrapassou a Bem-Aventurada Virgem”. O conselho do escolástico é objetivo: “Acharemos, no entanto, tudo o que desejamos no fruto da Virgem. Busquemo-lo”.

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.
Imagem “A Virgem Maria Consola Eva”, da Irmã Grace Remington