O Bom Pastor
Jénerson Alves*
Em 24.02.2023
Simbólica e alegórica, a arte do Cristianismo Primitivo revela traços do pensamento dos primeiros seguidores de Cristo. Entre essas obras, chama a atenção a figura do Bom Pastor, datada por estudiosos como sendo do século III. Um dos afrescos mais conhecidos é o da Catacumba de São Calisto (foto), mas também há imagens semelhantes na Catacumba de Priscilla e na Catacumba dos Santos Pedro e Marcelino.
Tais figuras apontam para a ação do pastoreio como uma marca divina. Esse fenômeno já era presente no imaginário judaico, como pode ser percebido inclusive em trechos veterotestamentários, a exemplo do famoso Salmo 23. Ademais, essa representação também é vista em contexto pagão, com o deus Hermes Crióforo, da mitologia grega.
Para os cristãos, Jesus é o Bom Pastor – segundo testemunho dEle mesmo, registrado em João 10:11: “Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”. Juan Plazaola, no livro ‘Historia del arte cristiano’, explica: “Para aquelas primeiras gerações cristãs, a felicidade do Paraíso eterno podia ser evocada mediante a representação de um jardim idílico” (tradução livre).
Essa cosmovisão rompe os séculos e permanece viva na atualidade. Ecos desse pensamento podem ser percebidos, por exemplo, no hino ‘Cristo, o Bom Pastor’, escrito pelo teólogo batista Isaltino Gomes Coelho Filho (um carioca que, se estivesse vivo, teria completado 75 anos no último dia 10 de fevereiro). Com música de Toninho Zemuner, a obra toca no coração de quem a ouve, sobretudo nestes versos, que soam como um convite à alma a se unir ao Eterno: “Jesus quer ser o teu Pastor / Pode a vida, se crês, mudar / Te ofereço seu grande amor / Que feliz rumo há de te dar”.
Imagem: Internet