Pretos e pardos são maioria dos que não concluem o ensino médio
Agência de Notícias das Favelas
Em 15.07.2020
Pretos e pardos deixam os estudos com mais frequência que brancos, um dos motivos é a necessidade de trabalhar – Foto Victória Damasceno
Divulgada hoje, 15, pesquisa realizada pelo IBGE em 2019 indica que 51,2%, ou 69,5 milhões de pessoas de 25 anos ou mais não concluíram o ensino médio no país. É a primeira vez que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), analisa informações de evasão escolar e mostra que pretos e pardos são os que menos concluem as etapas escolares.
Analisando a conclusão apenas do ensino médio, brancos representam 57%, enquanto pretos e pardos alcançam 41,8%. Este número aumenta se for analisar todas as etapas da educação básica, entre as 50 milhões de pessoas de 14 a 29 anos do país, 10,1 milhões (20,2%) deixaram a escola, dos quais 71,7% eram pretos ou pardos.
Segundo a pesquisa, a evasão escolar acontece na maioria das vezes pela necessidade de trabalhar, seguido pela falta de interesse. Além disso, ela demonstrou também que, entre as mulheres se destacam gravidez e afazeres domésticos como motivadores para o abandono escolar.
Pessoas pretas e pardas são maioria também na taxa de analfabetismo no país. Em 2019, enquanto 3,6% brasileiros brancos de 15 anos ou mais eram analfabetas, 8,9% eram pretos e pardos. Entre idosos, a taxa de analfabetismo representa 9,5% entre brancos e 27,1% entre as pretos ou pardos.
A evasão escolar e o analfabetismo fazem com negros sejam empurrados para o subemprego, onde também são maioria. Estes dados são expostos em um momento de tentativa de desmanche das ações afirmativas na educação brasileira. Seja nas diversas vezes que o presidente Jair Bolsonaro afirma que cotas são uma maneira de segregação, seja na tentativa de derrubada da portaria que estipula a inclusão de negros, indígenas e pessoas com deficiência em cursos de mestrado e doutorado, do ex-ministro da educação Abraham Weintraub.
Ótimo post. Os dados ajudam a desvelar um mito: a educação não pode ser analisada tendo com ponto partida a escola em direção à sociedade: a escola produz a sociedade; ela deve incluir o nexo causal entre sociedade e escola: que escola a sociedade produz! Esse dado ajuda a entender porque temos menos de 10% de juizes negros ou porque todas as pessoas têm muita dificuldade de lembrar quando se consultaram com um médico negro ou negra; ou ainda porque a coloração das fotografias de turmas de medicina é o inverso das fotografias de revoltas em presídios. Uma sociedade elitista, produz uma escola elitista. Parabens pelo post!