Crônica da quarentena 2

Por

Valéria Saraiva*

Em 20/07/2020

Tenho acompanhado os números da pandemia e aqui no Brasil até ontem já morreram 79.488 pessoas. Temos quase 2,1 milhões de casos confirmados, embora ainda exista a subnotificação a ser considerada. Mas é um número alto.

Na sexta-feira (17) recebi a notícia da morte do meu tio-avô, Milton, irmão do meu avô materno. Há a suspeita de que tenha sido mais uma vítima do coronavírus. Há apenas duas semanas perdi um primo para essa doença, Leo Saraiva, que foi prefeito da cidade de Exu, sertão de Pernambuco, por dois mandatos, sendo eleito em 2008 e reeleito em 2012. Exu é uma cidade pequena, com poucos habitantes, cerca de 30mil.

Em Pernambuco já morreram 5.984 pessoas desde o começo da pandemia. Aparentemente a curva estabilizou. Isso significa que o número de óbitos está estável, não diminui e nem aumenta. As pessoas continuam morrendo, mas a quantidade tem se mantido a mesma nas últimas semanas. Isso não é bom. Ainda tem gente adoecendo, ocupando os leitos dos hospitais, as UTIs e morrendo. Enquanto não houver vacina temos que nos cuidar. Principalmente quem é do grupo de risco ou tem alguém da família que seja.

No feriado de Nossa Senhora do Carmo no Recife muita gente foi às praias. Agora já é permitido tomar banho de mar. Os quiosques da Avenida Boa Viagem voltaram a funcionar. Várias cidades já estão permitindo nas praias o banho de mar e a prática de “surf”.

No Recife você ainda vê muita gente respeitando as regras de usar a máscara e manter o distanciamento social, nas ruas, dentro das lojas, nas filas. Mas quando a gente chega no Cabo de Santo Agostinho a situação é outra, vemos muita gente sem mascara e aglomeração nas filas.

As pessoas pensam que isso tudo é uma brincadeira. Sei que alguns dos noticiários de TV são sensacionalistas. Mas essas pessoas que não estão se importando com tudo o que está acontecendo provavelmente não perderam ninguém nessa pandemia. E por não querer perder mais ninguém faço um apelo a todos. Tomem cuidado, usem a máscara, lavem as mãos sempre e evitem sair desnecessariamente. Você pode não desenvolver a forma grave da doença, mas pode transmitir para seus pais, avós, tios, que provavelmente vão sofrer mais se contarairem o vírus.

Desde o começo da pandemia minha rotina mudou completamente. A previsão para a vacina que está sendo desenvolvida na USP  começar a ser administrada é daqui a um ano. Não tivemos Páscoa, São João e provavelmente não teremos Réveillon este ano, nem carnaval ano que vem. Mas se nos cuidarmos, poderemos aproveitar muitos anos ainda. Temos que ter esperança acima de tudo.

*Valeria Saraiva é poetisa, enfermeira e membro da Academia Cabense de Letras. Escreve às segundas-feiras.