Pesquisas eleitorais

Por

Carlos Sinésio*

Em 21.07.2020

As pesquisas eleitorais são um importante instrumento em todo o processo que envolve uma campanha política. Elas são consideradas, muitas vezes, imprescindíveis para balizar cada passo dos candidatos. Também servem de referência para o próprio eleitorado tomar decisões e acompanhar o andamento da campanha, saber a popularidade, a aceitação/rejeição dos que estão numa corrida eleitoral.

Certamente, você já ouviu falar naqueles eleitores e eleitoras que votam em quem está na frente nas pesquisas, pois não querem “perder o voto”. Pois é, isso existe mesmo. Até porque o chamado voto de opinião, ideológico, sobretudo para prefeitos e cargos proporcionais (vereadores, deputados, senadores) parece ficar cada vez mais escasso no Brasil. Por tudo isso, as pesquisas tornam-se às vezes decisivas, por influenciarem bastante no resultado de uma eleição.

Muitas pessoas não confiam nem mesmo nas pesquisas de institutos tradicionais, como o Datafolha, o Ibope ou o Vox Populi. Neste caso, podem estar equivocadas. O resultado de uma consulta reflete um momento. É preciso saber também que as pessoas podem mudar de opinião ou de candidato em pouco tempo. Além do mais, com as chamadas margens de erro, na grande maioria das vezes, as empresas acertam nos resultados das urnas.

Pesquisa eleitoral deve ser coisa séria. Dentro desse contexto, o eleitorado deve ficar atento para a procedência das consultas públicas, bem como para os institutos de pesquisa que as realizam. Existem empresas que ainda não gozam de credibilidade no mercado, não têm tradição, mas são sérias e realizam um trabalho isento. Geralmente, as pesquisas encomendadas e divulgadas por grandes e tradicionais veículos de comunicação merecem mais credibilidade.

Já outras que surgem em folhetos, cartazes ou nas redes sociais, sem conter as devidas identificações e procedências, não devem ser consideradas, mas denunciadas. Infelizmente, há empresas e candidatos que alteram os números ou fazem seu trabalho induzindo o eleitor, com o objetivo de alcançar um resultado que favoreça determinado partido ou candidato. Ou seja, que manipulam dados e que deveriam ser severamente punidas pela Justiça Eleitoral.

Uma pesquisa para ser divulgada precisa estar devidamente registrada por quem a realiza junto à Justiça Eleitoral (TREs dos estados ou no Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília). Se os responsáveis por ela não cumprirem essa obrigação, isso pode resultar na aplicação da maior multa que a lei eleitoral prevê atualmente (Resolução nº 23.600/2019 do TSE), variando de R$ 53.205,00 até R$ 106.410,00. É um valor considerável (assim deve ser), pois numa eleição há muito interesse escuso em jogo, e a sociedade deve ser protegida dos salafrários e enganadores.

Portanto, o período de campanha oficial para as eleições municipais de dezembro está se aproximando, e o eleitor precisa ficar bem atento. Antes de acreditar nos números de uma pesquisa, deve ver a sua procedência para não ser enganado e induzido a erros. Uma pesquisa quando é divulgada vira notícia. Portanto, as ‘fake news’ nessa área não vão faltar, certamente!

*Carlos Sinésio é jornalista. Escreve às terças-feiras.