Direitos Humanos, Étnico-Racial, Racismo

Bélgica é alvo de apelo contra racismo generalizado e sistemático

ONU News

Em 12.06.2025

Comunicado publicado no final da visita de peritos da ONU assinala comunidades sofrendo discriminação racial, xenofobia e intolerância; recomendações enfatizam participação dos afetados na justiça reparadora, confrontando legados históricos. 

Nesta quarta-feira, especialistas do Mecanismo Internacional de Peritos Independentes da ONU para o Avanço da Justiça Racial e da Igualdade na Aplicação da Lei* pediram para a Bélgica confrontar estas situações.

Racismo sistêmico, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata são citados em relatório colocando as vítimas como africanos e afrodescendentes, bem como pessoas tidas como “estrangeiras”, sem excluir belgas e nascidos no país europeu.

Legados do passado colonial

Desde 2 de junho, os especialistas Tracie Keesee e Victor Rodriguez visitaram a capital belga, Bruxelas, e locais como Namur, Charleroi, Antuérpia e Mechelen.

O apelo feito à Bélgica é para que “tome medidas concretas para abordar os legados de seu passado colonial” e combata práticas como “racismo generalizado e sistemático que ainda permeia a nação nos dias de hoje”.

ONU/Rick Bajornas Especialistas independentes da ONU pediram para a Bélgica confrontar desafios do racismo

O problema está no seio de “todos os setores da sociedade, incluindo a aplicação da lei e o sistema de justiça criminal”, segundo Keesee.

Para ela trata-se de um legado da escravidão e do colonialismo, cujos impactos duradouros continuam a ser sentidos atualmente.

Desvios e complexidades políticas

Em declarações, a especialista acrescentou que a Bélgica deve “continuar a tomar medidas concretas em direção à justiça reparadora, confrontando os legados de sua história, com a participação efetiva das comunidades afetadas.”

Membros das comunidades contactadas pediram para “ser tratados como humanos” afirmando que “nada mudou e nada está mudando, que desvios e complexidades políticas são usados ​​para impedir o compromisso com uma mudança real”.

O mecanismo apurou a superlotação nas prisões, onde observou o encarceramento desproporcional de africanos, afrodescendentes e pessoas de origem estrangeira. O grupo apontou haver prisões usadas para detenção administrativa de migrantes e como centros para tratamento de saúde mental.

A visita incluiu encontros com o governo e instituições como polícia, ministérios e autoridades federais, regionais, municipais além de órgãos especializados bem como representantes de entidades de defesa de direitos humanos.

*Os especialistas trabalham voluntariamente, não são funcionários da ONU e nem recebem salário.

Imagem destaque: ONU Genebra/ Sarah Mbengue – Membros das comunidades contactadas pelo racismo pediram para “ser tratados como humanos”

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