Aprendendo com a natureza

Por

Vera Rocha*

Em 16.08.2020

Eles continuam lado a lado sobre os fios e galhos de árvores e sob o céu azul, indiferentes ao burburinho da praça e dos transeuntes que desfilam nervosamente exibindo semblantes carregados de preocupações, talvez mais pelo ter do que pelo ser, adicionando ao seu modo de viver inúmeras patologias. O estresse, a ansiedade, a depressão e outros similares, têm levado numerosas populações a condições superlativas de sofrimentos físicos e psicológicos, devido aos revezes da vida.

Talvez a falta de hábito de contemplar a natureza: de ver o nascente e o poente solar; de admirar a lua em suas diversas fases; de escutar o desfazer das brumas à beira-mar; de ver e sentir o desabrochar e o perfume de uma flor; de apreciar o voo dos pássaros e sua convivência uns com os outros; de observar a grandeza e a sabedoria divina através do relacionamento dos animais uns com os outros e com a espécie humana, possa contribuir para esse estado de coisas.

Ah! De repente tudo isso passou a ser apenas coisas de poeta, de artista… não necessariamente, que o poeta esteja isento de sofrer problemas de ordem física e ou psicológica, mas, a sua relação emocional com as coisas que o cercam reduz ou modula a intensidade das cargas energéticas deletérias que afetam a psique e consequentemente os efeitos fisiológicos. As forças da natureza se coadunam entre si levando a uma sincronia perfeita e estabelecendo o equilíbrio geral.

O filósofo e matemático grego Pitágoras já advertia no século VI a.C.: “Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz”.

Observando a serenidade dos pássaros, penso que temos muito a aprender com eles.

*Vera Rocha é escritora, poeta, psicopedagoga, autora do livro “A cidade vista da minha janela & outros olhares” e membro da Academia Cabense de Letras. Escreve aos domingos.

Foto destaque: ascendidamente.blogspot.com