Metade das organizações que ajudam mulheres pode fechar em seis meses
ONU News
Em 19.05.2025
Levantamento em 44 contextos de crise indica que 47% das instituições estão à beira do abismo; 51% já interromperam programas e 72% tiveram que demitir; crise de recursos agrava baixo financiamento crônico de ações de proteção feminina.
Mulheres e meninas são as mais afetadas por crises humanitárias e morrem por problemas relacionados à gravidez, desnutrição e altas taxas de violência sexual.
Mas de acordo com uma pesquisa divulgada recentemente pela ONU Mulheres, 90% das organizações que defendem os direitos desse grupo sofreram com os cortes de financiamento que atingem o setor humanitário. E quase metade pode fechar nos próximos seis meses.
Suspensão de programas, demissões e fechamento
O levantamento sobre 411 organizações lideradas por mulheres ou que atuam apoiando a população feminina em 44 locais de crise.
A redução drástica no financiamento jogou as entidades à beira do abismo. Cerca de 47% relatam que devem fechar as portas dentro de seis meses caso a situação não mude.
Além disso, 51% das instituições já foram forçadas a suspender programas, incluindo aqueles de apoio a sobreviventes de violência de gênero ou de acesso a proteção, meios de subsistência, dinheiro e assistência médica.
Cerca de 72% relatam ter sido forçadas a demitir funcionários.

Subfinanciamento crônico
A chefe de Ação Humanitária da ONU Mulheres, Sofia Calltorp, descreveu a situação como sendo “crítica”. Ela lembra que as organizações de mulheres já eram “severamente subfinanciadas” mesmo antes da recente onda de reduções.
E financiar esses grupos não é apenas uma questão de igualdade e direitos, mas também uma “obrigação estratégica”.
A ONU Mulheres destaca que as organizações afetadas pela crise de financiamento permanecem atuando com “coragem e determinação” para defender suas comunidades e reconstruir vidas.
Imagem destaque: ONU Mulheres/Sultan Mahmud Mukut – Ativistas se manifestam em Cox’s Bazar, Bangladesh, carregando cartazes protestando contra a violência sexual e de gênero