OPAS pede que jovens resistam às táticas enganosas da indústria do tabaco

Por

Globalmente, mais de 40 milhões de jovens de 13 a 15 anos já começaram a consumir tabaco

Da Redação, com Portal OPAS

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) aproveitou o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado ontem (31 de maio) para emitir um alerta aos jovens das Américas no sentido de que eles reconheçam, exponham e resistam às táticas enganosas usadas pela indústria do tabaco e seus aliados para recrutar clientes mais jovens – o que resulta em milhões de vidas perdidas.

Os fabricantes de tabaco e seus aliados nas indústrias de cigarros eletrônicos e afins gastam cerca de US$ 9 bilhões por ano em táticas agressivas de marketing, muitas delas voltadas especificamente para crianças e jovens. Os jovens são um segmento de mercado significativo para a indústria, pois estudos mostram que 9 em cada 10 fumantes começam antes dos 18 anos. Globalmente, mais de 40 milhões de jovens de 13 a 15 anos já começaram a consumir tabaco.

De acordo com o diretor adjunto da OPAS, Jarbas Barbosa, a indústria do tabaco precisa que os jovens comprem seus produtos, levando à dependência de nicotina, para que se tornem consumidores de longo prazo. “Isso cria a oportunidade de substituir os 8 milhões de pessoas em todo o mundo que morrem por causas relacionadas ao tabaco todos os anos. É uma questão de lucros sobre as pessoas – uma escolha indefensável”.

Por isso, na campanha deste ano, a OPAS e a Organização Mundial da Saúde (OMS) buscam derrubar os mitos e expor as enganações do marketing feito pela indústria do tabaco e seus aliados para recrutar novos clientes, especialmente crianças e jovens.

A publicidade do tabaco – que inclui seus produtos em filmes, TV e ferramentas de streamings – tenta fazer com que o fumo e o “vaping” pareçam modernos, sofisticados, adultos e legais. Na realidade, seu consumo causa não apenas enfermidades graves como doenças cardíacas, câncer e doenças pulmonares, mas também mau hálito, dentes descoloridos e pele enrugada. As empresas de tabaco também tentam recrutar novos usuários patrocinando bolsas de estudo, acampamentos para jovens, shows e eventos esportivos. Além disto, o tabaco sem fumaça e o tabaco para narguilés também são vendidos com sabores doces e frutados, para atrair crianças e adolescentes.

Mesmo durante a pandemia da COVID-19, a indústria de tabaco e nicotina continua promovendo produtos que limitam a capacidade das pessoas de combater o novo coronavírus e se recuperar da doença. O setor oferece máscaras de marca gratuitas e entrega em domicílio durante a quarentena, além de fazer lobby para que seus produtos sejam listados como “essenciais”.

Ajudando jovens a revidar

A campanha do Dia Mundial Sem Tabaco deste ano convida os jovens a se unirem para se tornarem uma “geração livre do tabaco”. Para ajudar a capacitá-los, a OMS lançou um novo kit para estudantes (13 a 17 anos) para alertá-los sobre as táticas da indústria do tabaco usadas para conectá-los a produtos viciantes. O kit de ferramentas inclui atividades em sala de aula, como dramatizações, para conscientizar os alunos sobre como a indústria do tabaco tenta manipulá-los para usar seus produtos. Também inclui um vídeo educativo, um questionário sobre mitos e tarefas de casa.

Para apoiar os jovens, a OPAS/OMS está pedindo aos governos e líderes da sociedade civil que façam sua parte para combater a influência exercida pelo tabaco e indústrias relacionadas. Legisladores devem aprovar leis que proíbam todas as formas de publicidade, promoção e patrocínio do tabaco. Enquanto isso, todos os setores podem ajudar a desconstruir as táticas de marketing do tabaco e indústrias relacionadas que atacam crianças e jovens.

Escolas, por exemplo, devem recusar qualquer forma de patrocínio e proibir os representantes das empresas de tabaco e nicotina de se envolverem com os alunos. Celebridades e influenciadores devem rejeitar todas as formas de patrocínio, enquanto os serviços de televisão e streaming devem parar de mostrar o uso de tabaco ou cigarro eletrônico na tela. As plataformas de mídia social devem proibir todas as formas de comercialização de tabaco e produtos relacionados. Os governos e o setor financeiro não devem investir no tabaco e indústrias relacionadas.

A Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (FCTC, sigla em inglês) fornece orientação abrangente sobre as medidas que os governos podem tomar para reduzir o consumo de tabaco e salvar vidas.

“Chamamos todos a buscar informações corretas, criar consciência e ajudar a criar uma geração livre de tabaco. Cada um de nós tem um papel fundamental a desempenhar”, concluiu o diretor adjunto da OPAS.