Quilombos ganham Observatório da Covid-19

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Aviso em entrada de quilombo alerta que a comunidade está em quarentena

A Conaq tem chamado a atenção para fatores estruturais alarmantes com consequências no alastramento da pandemia nos territórios quilombolas

Da Redação, com Portal Cátedra Unesco/Unicap

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e  o Instituto Socioambiental (ISA) lançaram o Observatório da Covid-19 nos Quilombos. Trata-se de uma plataforma online que reúne dados epidemiológicos da pandemia do novo coronavírus entre quilombolas de todo o Brasil.

A  plataforma presenta casos monitorados, confirmados e óbitos decorrentes da Covid-19 entre quilombolas. Até a sexta-feira (29.05) a plataforma registrava 203 casos confirmados, 36 em monitoramento e 51 óbtitos por Covid-19 nos quilombos em todo o Brasil.

O Pará é, até o momento, o estado com maior número de óbitos confirmados: 15. Amapá aparece na segunda posição com nove óbitos confirmados, seguido por Pernambuco com sete e Rio de Janeiro com seis.

A Conaq tem chamado a atenção para fatores estruturais alarmantes com consequências no alastramento da pandemia nos territórios quilombolas.

Tanto as secretarias de saúde como o próprio Ministério da Saúde não têm dado atenção adequada às comunidades negras. Dados da transmissão da Covid-19 nos territórios estão subnotificados. Muitas secretarias municipais deixaram de informar números de contaminação e óbitos entre quilombolas.

Coordenadora Executiva da Conaq, Sandra Maria Andrade diz que a CONAQ tem a preocupação de mensurar o real impacto da Covid-19 nos quilombos, em razão da subnotificação por parte do Estado brasileiro, o não cumprimento dos direitos constitucionais e a não efetivação da titulação definitiva dos territórios.

Ela ressalta ainda a dificuldade de acesso às políticas públicas, que explica serem fortes complicadores no combate ao novo coronavírus, que requer condições mínimas de higiene, segurança territorial e alimentar. “A maioria dos territórios estão distantes de hospitais estruturados e próximos a municípios onde a saúde é sucateada e onde não chegam nem mesmo os testes rápidos, mais uma vez, deliberadamente a população quilombola desse país é colocada no esquecimento, na invisibilidade e excluído do processo de distribuição das políticas públicas. Neste sentido, a plataforma tem o objetivo de concentrar as informações em um espaço com frequentes atualizações”, afirma Sandra Maria Andrade.