As mulheres invisíveis – uma breve reflexão
Veridiana Duarte Alves*
Em 31.08.2020
Alguém me falou recentemente que a cultura brasileira é tornar as mulheres acima dos 35 anos invisíveis, como se já não mais existissem devido à faixa etária alcançada, e que, para isso não acontecer, iniciamos uma busca ensandecida pela juventude: entramos em malhação, caminhadas, usamos cremes para o rosto, o corpo, a pele, a perna e todo o resto. Fazemos exercícios que são verdadeiras caretas, contra o ‘Bigode Chinês’. Fazemos micropigmentação para as sobrancelhas, tatuagens, plásticas, maquiagens, procuramos usar as ‘roupas da moda’, os sapatos joviais, os cortes de cabelos milagrosos – que rejuvenescem na hora que se corta. Também, buscamos fazer relaxamentos, cacheamentos, pintura de cabelos. Nos tornamos morenas, louras, ruivas… Ufa! Cansei! E olha que ainda faltou relacionar muita coisa. Então, vendo tudo isso, eu parei e pensei cá comigo: Por que preciso que gostem de mim ou que me enxerguem pela minha ‘casca’? Afinal, de qualquer modo, meu corpo vai envelhecer e só vai sobrar minha essência. Será que me tornaram invisível ou eu que permiti que me tornassem invisível? Penso que é indiferente, porque o que importa são as consequências disso.
No meu caso, escolhi que não quero ser perfeita, pois quem definiu o que é perfeito?
Muitas mulheres, como resultado de se tornarem invisíveis, entram em depressão, enlouquecem ou cometem o suicídio. E de quem é a culpa? Dos homens? Das próprias mulheres? Ou não existem culpados? Bem… Eu não acredito na palavra culpa, posto que somos resultado, exatamente, de uma evolução cultural milenar. Deixar-se, entretanto, levar pelas exigências dessa cultura é uma escolha da mulher. No meu caso, escolhi que não quero ser perfeita, pois quem definiu o que é perfeito? Eu quero ser feliz sendo eu mesma. Por isso, tenho procurado não me importar se sou invisível ou não, afim de buscar sentir-me bem como sou. A sociedade deve amadurecer e perceber sua parte na responsabilidade da felicidade de seus cidadãos, sem gerar preconceitos que levem as pessoas mais frágeis a cometer verdadeiros disparates consigo mesmas, como frequentemente levam, afetando toda a sua relação com a sociedade e com sua família.
Vamos exercitar a compreensão e o amor ao outro respeitando suas escolhas por mais estranhas que possam parecer para nós. Agindo assim, teremos uma sociedade fraterna, pautada no respeito mútuo e conseguiremos, finalmente, enxergar não só as mulheres, mas todos, pois somos todos iguais.
*Veridiana Duarte Alves é contadora, administradora, especialista em Gerência Contábil, Auditoria, Perícia e Controladoria. Pós graduanda em Gestão de Projetos Sociais do Terceiro Setor.
Perfeito
Obrigada!!
Gostei do seu texto. Também acho absurda essa buscar desenfreada por perfeição. Temos que ser felizes do jeito que somos. E a sociedade tem que aceitar isso. Somos todos seres humanos. E ninguém é perfeito 👏👏👏👏👏
Obrigada!!