Queda de Trump esmurra Bolsonaro
Carlos Sinésio*
Em 10.11.2020
A histórica derrota de Donald Trump nas urnas dos Estados Unidos, não conseguindo a sonhada reeleição, foi um grande soco no estômago do presidente Jair Bolsonaro, dos seus filhos e asseclas míopes. A vitória de Joe Biden para a Presidência americana era tudo o que essas figuras que idolatram Trump não desejavam. Felizmente, o Brasil do bem pode respirar mais aliviado, pois Bolsonaro terá que rever posições e melhorar sua postura em relação à política externa.
Enquanto o mundo festeja a vitória de Biden como o 46º presidente americano e os principais líderes mundiais o parabenizavam assim que se soube que a vitória seria irreversível, o chefe brasileiro continuava sem reconhecer a legitimidade da eleição e a derrota do seu horrendo guru Trump. Uma lástima. Comportamento de ditador, de quem não respeita a democracia, não tem educação nem tato para lidar com diplomacia. Um comportamento mesquinho e que mais uma vez demonstra o quanto ele é despreparado, militar prepotente e de pouco diálogo.
O presidente tem todo o direito de pessoalmente gostar de Trump ou de qualquer ser horrendo que lhe servir de (mau) exemplo. Mas como chefe da Nação deve procurar o caminho da ponderação, do diálogo com outras lideranças mundiais, sobretudo de países como China e Estados Unidos, os maiores parceiros comerciais do Brasil.
E independente de todo esse comércio internacional imprescindível, é fundamental manter boas relações com todos, pois a diplomacia e as boas relações políticas são imprescindíveis para quem quer viver em Paz e trilhar o caminho do desenvolvimento.
A chegada de Biden à Casa Branca vai exigir do governo brasileiro nova postura em relação a temas muito caros para o mundo, como a preservação ambiental e a exploração racional da região amazônica. Caso o Brasil não mude seu comportamento, poderá sofrer sanções comerciais e econômicas de graves consequências para o mercado interno e para a balança comercial.
Analistas políticos acreditam que Bolsonaro não tem outra alternativa com a queda de seu ídolo e será forçado a rever posições, se quiser ser reeleito daqui a dois anos. Uma das consequências do resultado eleitoral nos Estados Unidos seria uma reforma ministerial. Poderá haver mudanças nos ministérios das Relações Exteriores e do Meio Ambiente, com a saída de Ernesto Araújo e Ricardo Salles, considerados da ala ideológica e mais radical do governo de extrema direita.
A vitória de Biden deve servir para que Bolsonaro abra o olho e enxergue o recado que veio das urnas norte-americanas. Se deu errado pra Trump lá poderá muito bem dar ruim aqui também para o ex-capitão que ocupa o Palácio do Planalto. Ele pode estar se achando porque sua popularidade subiu, mas precisa entender que tudo isso pode ser passageiro e muitas coisas vão acontecer até a eleição de 2022. Os resultados que virão das eleições municipais no próximo domingo e no dia 29 (segundo turno, onde houver), por exemplo, já irão sinalizar o que poderá ocorrer daqui a dois anos. Todo cuidado é pouco, presidente.
*Carlos Sinésio é jornalista com 35 anos de profissão. Trabalhou nos jornais O Globo, Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco. Foi assessor de comunicação em diversas instituições públicas e privadas e repórter freelance no jornal O Estado de S. Paulo e na IstoÉ. Atua na TV Alepe. Escreve às terças-feiras.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do blog Falou e Disse.
Foto destaque: Reuters
E’ , Sinesio : caso Bolsonaro mantenha a tradicional postura, o Brasil corre o risco de se isolar em escala planetária. Basta ver a reação positiva das bolsas de valores de todo o mundo ‘ a vitória de Biden
As bolsas sinalizam que podemos trilhar um caminho melhor e sonhar com uma ordem mundial menos distante.