ONU alcança paridade de gênero nas lideranças no Brasil
ONU News Brasil
Em 27.03.21
As mulheres ocupam metade do comando das agências, fundos e programas da Organização das Nações Unidas (ONU) instalados no Brasil – 12 dos 24 postos de representação e coordenação. Além disso, o Escritório de Coordenação do Sistema ONU no país é ocupado interinamente por Marlova Jovchelovitch Noleto, que também é representante da UNESCO.
Na prática, isto significa que a ONU alcançou a paridade de gênero nas lideranças de suas estruturas no Brasil, em linha com a determinação do secretário-geral, António Guterres. Em março, ele anunciou que metade dos profissionais do alto escalão da organização é formada por mulheres.
A coordenadora-interina celebra o marco, alcançado às vésperas do Dia Internacional da Mulher. “Uma mulher que tem poder deve contribuir para empoderar outras mulheres. Mais liderança feminina garantirá um tratamento mais justo e mais oportunidades para todas as mulheres”, afirma Marlova Noleto.
Diferenças na pandemia – Para Anastasia Divinskaya, representante da ONU Mulheres Brasil, é urgente que mais e mais mulheres ocupem esses postos de poder para que a recuperação da crise da pandemia da COVID-19 seja, de fato, igualitária. “A pandemia intensificou as desigualdades de gênero e a discriminação intersetorial pré-existentes. É urgente acelerar o progresso e alcançar a partilha igualitária de poder para resposta e recuperação eficazes da COVID-19”, declara.
A representante do UNICEF no Brasil, Florence Bauer, concorda. “Agora é o momento de priorizar meninas e mulheres na resposta à COVID para que as ações de hoje contribuam para um futuro em que elas tenham igualdade de oportunidades para liderar e construir um mundo melhor”, reitera.
Efetivamente, o trabalho não remunerado das mulheres aumentou vertiginosamente desde o ano passado. “Nesta crise, assumimos a liderança em casa, com a família, no cuidado com os mais velhos e no trabalho. Só uma heroína real poderia dar conta de tantas responsabilidades”, lembra Astrid Bant, representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil.
Outro efeito da pandemia foi o aumento dos casos de violência doméstica. Para Elena Abbati, diretora do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), políticas públicas que levem em consideração a desigualdade de gênero são indispensáveis para preservar a vida e a saúde das mulheres. “Políticas de prevenção ao crime que incorporem uma dimensão de gênero são cruciais para reduzir a vitimização e a violência contra as mulheres, como recomendou a Declaração de Kyoto, aprovada no 14º Congresso do Crime da ONU de 2020”, defende.
Por outro lado, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que sete em cada dez profissionais de saúde no mundo são mulheres. Para a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), é preciso que elas estejam não apenas na linha de frente, mas também na liderança. “Para ter paridade de gênero nas lideranças, é preciso investir nisso desde a infância e ter uma sociedade que apoia as meninas a alcançarem todo o seu potencial, que acredita que elas podem ser cientistas, doutoras, presidentes, artistas, o que quiserem”, afirma Socorro Gross, representante da OPAS e da OMS no Brasil.
Futuro sustentável – Katyna Argueda, representante-residente do PNUD no Brasil, diz que o desenvolvimento de povos e nações não será pleno enquanto metade da população – a metade feminina – não for tratada com igualdade. “A tarefa de alcançar a igualdade efetiva entre homens e mulheres não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma condição prévia para o desenvolvimento humano sustentável das sociedades e dos países”, lembra.
“Mulheres de todas as idades estão engajadas no combate às grandes ameaças ambientais atuais, em todas as áreas do conhecimento. Devemos garantir os meios para que suas vozes sejam ouvidas e seus espaços de liderança assegurados”, reforça Denise Hamu, representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) no Brasil.
Lideranças – Dados da ONU apontam que as mulheres liderando países investem mais em proteção social e no combate à pobreza. Para a Diretora e Representante do UNAIDS no Brasil, Claudia Velasquez, isto mostra como elas são importantes para construir uma realidade menos desigual. “As mulheres estão na linha de frente nas mudanças da sociedade. É a força e o trabalho delas em papéis de liderança nas comunidades que tornam o mundo menos desigual”, lembra.
Joana Pereira, representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI) no Brasil, explica os benefícios da equidade: “Uma participação equitativa das meninas e das mulheres na educação e mercado de trabalho é essencial para a redução das desigualdades de renda e de oportunidades. Mas os benefícios vão além da justiça social. A diversidade de gênero proporciona ganhos de produtividade e, portanto, prosperidade para todos.”
Para Claudia Valenzuela, representante do UNOPS no Brasil, meninas e mulheres devem ser livres para a escolha do futuro. “Eu quero que cada menina, cada jovem olhe para seu futuro sabendo que pode chegar onde quiser, em qualquer área do conhecimento. Mulheres nas ciências? Sim. Nas matemáticas? Sim. Nas engenharias? Sim. Na tecnologia, nas artes, na medicina, na gestão. E na liderança? Absolutamente sim!”, reforça.
A diretora do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil, Kimberly Mann, diz que as mulheres lideram com coragem e compaixão. “Elas lutam por inclusão, oportunidades iguais e proteção social. Neste mês, celebramos o poder e o potencial das mulheres em todos os lugares”, afirma.
Foto destaque: Kelly Sikkema/Unsplash – Mulheres ocupam metade dos postos de comando na ONU Brasil