Cem dias de gestão municipal
Carlos Sinésio*
Em 08.04.2021
Os prefeitos que tomaram posse no dia 1º de janeiro deste ano estão completando cem dias de gestão neste sábado, dia 10. É chegada a hora deles mostrarem a que vieram, que são bons gestores e estão atendendo as expectativas dos seus eleitores. Afinal, foram eleitos para governar bem. Muito bem.
Para os reeleitos, trata-se da continuação da gestão já aprovada e referendada nas urnas em 2020. Para os novatos, é o momento de prestar contas do início do mandato, geralmente conquistado com inúmeras promessas.
Em que pesem as dificuldades proporcionadas pela pandemia do novo Coronavírus, isso não serve de desculpas para justificar um mau começo de administração. Quando fizeram campanha, os candidatos sabiam que a situação era muito grave e podia se agravar mais. Aliás, médicos e cientistas nunca deixaram de alertar para um possível caos na saúde.
As projeções, na maioria das vezes, sempre indicavam que a pandemia não estava controlada. Sabia-se que somente com a vacinação em massa seria possível a situação voltar a uma certa normalidade a médio prazo.
Assim, nenhum gestor deve usar a pandemia para justificar incompetência ou incapacidade de cumprir muito do que foi prometido. Nem agora nem depois. Certamente, para nenhum gestor este tem sido um começo de mandato desejado, pois a abominável Covid veio pra se juntar a todos os graves problemas que os municípios enfrentam há décadas.
Passados os cem dias, chegou a hora também dos candidatos opositores, derrotados nas urnas, cobrarem e avaliarem as novas administrações. Isso faz parte do jogo político. Mesmo diante da grave situação causada pela pandemia, os adversários tendem a avaliar cada nova gestão. Esse é um direito que eles têm.
Como se sabe, a maioria das pessoas enfrenta sérias dificuldades financeiras. Falta trabalho e salário digno para muita gente que não consegue suprir ao menos as necessidades mais básicas, como se alimentar. Diante de um quadro tão adverso para a maioria dos brasileiros, não tem como os gestores não serem bastante cobrados.
Afinal, são os governantes das três esferas de poder (municipal, estadual e federal) que podem ajudar a mudar o quadro desalentador em que vive o País. Como os prefeitos estão mais próximos das pessoas, é compreensível que sejam bem mais procurados e cobrados por aqueles que mais precisam de ajuda nesta hora.
Insistir na cantilena de que não há recursos para investir e atender os anseios mais urgentes das pessoas não é mais desculpa aceitável. É preciso ter mais criatividade na crise e buscar soluções rápidas para os problemas mais graves.
Cem dias, realmente, é um período muito curto para se mudar uma realidade tão cruel vivida pelos mais pobres. Mas já são dias suficientes para cada gestor municipal, com gestos, atitudes e tomadas de decisões inteligentes, mostrar quais são suas verdadeiras intenções.
*Carlos Sinésio é jornalista com 35 anos de profissão. Trabalhou nos jornais O Globo, Jornal do Commercio e Diario de Pernambuco. Foi assessor de comunicação em diversas instituições públicas e privadas e repórter freelance no jornal O Estado de S. Paulo e na IstoÉ. Atua na TV Alepe.
Foto destaque: Internet
Excelente reflexão
Obrigado, Jairo.
Caro Sinesio: como sempre , suas análises são pertinentes, atr porque nao segurm viezes ideologicos. Mas cabe uma pergunta : Qual a margem de manobra de gestores municipais – e estaduais – em um pais que sequer conhece seu Orçamento?
É complicado, Gilson. É um absurdo o presidente não ter ainda sancionado o orçamento de 2021, quando já estamos no segundo semestre. Obrigado.