SBP reitera não recomendar cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 em crianças
Redação
Em 17.06.2020
Em nota divulgada ontem (terça-feira (16) a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reitera seu posicionamento contrário ao de ao uso de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de sinais e sintomas de Covid-19 em crianças e adolescentes, por entender que não há evidências científicas consistentes e reconhecidas na literatura médica. O alerta foi emitido um dia após o Ministério da Saúde informar que ampliará as orientações de uso do medicamento para o tratamento precoce dessa doença em dois perfis de pacientes: crianças e gestantes.
De acordo com a nota, a ausência dessas evidências sólidas impede o uso seguro dessas drogas, seja por que não há confirmação sobre seus efeitos terapêuticos positivos contra a Covid-19, seja por que ainda não foram mensurados com exatidão seus possíveis efeitos colaterais.
A presidente da SBP ,Luciana Rodrigues Silva, disse que a posição adotada pela instituição dialoga com a da Food and Drug Administration (FDA), em inglês), agência que atua como a Anvisa nos EUA. Também na segunda-feira (15), ela revogou a permissão concedida em 28 de março para uso cloroquina e hidroxicloroquina em tratamento de pacientes com Covid-19. O órgão regulador americano declarou que “não é mais razoável acreditar que as formulações orais de hidroxicloroquina e de cloroquina possam ser eficazes”.
RECOMENDAÇÃO ANTERIOR – A SBP, em 29 de maio, já havia divulgado amplamente essa recomendação semelhante, que se estende a pacientes com diferentes quadros: desde os que relatam sintomas leves até os que desenvolvem manifestações graves, estando sob cuidados em leitos de internação ou de unidades de terapia intensiva (UTIs).
A nota reforça que o uso de cloroquina e de hidroxicloroquina também não possui efeito profilático confirmado. Ou seja, não devem ser recomendado como medida preventiva para evitar contaminação pelo novo coronavírus. Não há trabalhos científicos reconhecidos que apontem essa possibilidade.
Segundo o presidente do Departamento Científico de Infectologia da SBP, Marco Aurélio Sáfadi, as informações técnicas disponíveis sobre a interação desses medicamentos com a COVID-19 ainda são escassas, sobretudo em relação à população pediátrica.
RESPALDO TÉCNICO – “Essa falta de embasamento impede que o médico receite a cloroquina de forma confortável e segura, com base numa avaliação equilibrada entre riscos e benefícios. Sem dados robustos e o devido respaldo técnico, a utilização de qualquer remédio se torna uma espécie de experimentação, que pode trazer mais problemas do que melhorias à saúde”, destaca.
Ele ressalta ainda que a prescrição desses medicamentos deve ficar restrita aos pacientes que fazem parte estudos clínicos que seguem as regras da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Para Sáfadi, a prevenção e o combate à Covid-19, no Brasil, devem ser conduzidos à luz do que a Ciência tem orientado para não expor a população e os profissionais da saúde a situações de risco.
“Neste sentido, recomenda-se a manutenção das medidas de restrição de contato social e de reforço à higienização, reconhecidas, até o momento, como as mais eficazes no que se refere à prevenção. De modo complementar, os gestores devem aguardar a conclusão de estudos que ainda estão em andamento para identificar drogas e abordagens terapêuticas com chances efetivas de sucesso no tratamento de pacientes com Covid-19”, sinaliza.
Confira todas as orientações da SBP a respeito da COVID-19 em (https://www.sbp.com.br/especiais/covid-19/).
A ÍNTEGRA DA NOTA.