OMS lista seis motivos para um meio ambiente saudável ser um direito humano
OMS
Em 13.05.2021
A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou uma lista com seis práticas que levam ao comprometimento do planeta e colocam em risco o direito humano à saúde.
A lista reafirma o compromisso dos Estados com a proteção dos Direitos Humanos e se baseia na última resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
A estimativa é que 23% de todas as mortes estão ligadas a “riscos ambientais” como poluição do ar, contaminação da água e exposição a produtos químicos.
Ao redor do mundo, pelo menos 155 Estados reconhecem a seus cidadãos o direito de viver em um ambiente saudável, seja por meio da legislação nacional ou de acordos internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Apesar do reconhecimento oficial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 23% de todas as mortes estão ligadas a “riscos ambientais” como poluição do ar, contaminação da água e exposição a produtos químicos.
Estatísticas como essa são a razão pela qual o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou recentemente uma resolução reafirmando as obrigações dos Estados de proteger os direitos humanos; inclusive tomando ações mais fortes sobre os desafios ambientais.
Estas são algumas das práticas que levam ao comprometimento do planeta e colocam em xeque o direito humano à saúde.
1. Destruição de áreas naturais – A alteração da terra para criar espaço para casas, fazendas e indústrias tem colocado os humanos em crescente contato com a vida selvagem e tem criado oportunidades para que patógenos se espalhem dos animais selvagens para as pessoas.
2. Poluição do ar diminui a expectativa de vida – Em todo o mundo, nove em cada dez pessoas respiram ar impuro, prejudicando sua saúde e encurtando sua expectativa de vida. A cada ano, cerca de 7 milhões de pessoas morrem de doenças e infecções relacionadas à poluição do ar, mais de cinco vezes o número de pessoas que perdem a vida em acidentes de trânsito. A exposição a poluentes também pode afetar o cérebro, causando atrasos no desenvolvimento, problemas de comportamento e até mesmo um QI mais baixo em crianças. Nas pessoas idosas, os poluentes estão associados às doenças de Alzheimer e Parkinson.
3. Perda da biodiversidade e alimentação – Somente nos últimos 50 anos, as dietas humanas se tornaram 37% mais semelhantes, com apenas 12 cultivos e cinco espécies animais fornecendo 75% da ingestão de energia do mundo. Hoje, quase uma em cada três pessoas sofre de alguma forma de desnutrição e grande parte da população mundial é afetada por doenças relacionadas à alimentação, como doenças cardíacas, diabetes e câncer.
4. Biodiversidade e eficácia dos medicamentos – Os produtos naturais compreendem uma grande parte dos produtos farmacêuticos existentes e têm sido particularmente importantes na área de tratamento contra o câncer. Mas as estimativas sugerem que 15.000 espécies de plantas medicinais estão em risco de extinção e que a Terra perde pelo menos um grande medicamento em potencial a cada dois anos.
5. A ameaça da poluição- Muitos problemas de saúde surgem da poluição e da ideia de que o lixo pode ser jogado “fora” quando, na verdade, grande parte dele permanece nos ecossistemas, afetando tanto o meio ambiente quanto a saúde humana. A água contaminada por resíduos, esgoto não tratado, esgoto agrícola e descarga industrial coloca 1,8 bilhões de pessoas em risco de contrair cólera, disenteria, febre tifóide e poliomielite. O metilmercúrio – uma substância encontrada em produtos de uso diário que contaminam os peixes – pode ter efeitos tóxicos sobre o sistema nervoso, digestivo e imunológico quando consumido por seres humanos. E um conjunto crescente de evidências sugere que existe um motivo para a preocupação com o impacto dos microplásticos na vida marinha e na cadeia alimentar. Além disso, a cada ano, 25 milhões de pessoas sofrem de intoxicação aguda por pesticidas. E o glifosato – o herbicida mais utilizado no mundo – está associado ao linfoma não-Hodgkin e a outros tipos de câncer.
6. Os riscos das mudanças climáticas – A última década foi a mais quente da história humana e já estamos experienciando os impactos da mudança climática, com incêndios florestais, enchentes e furacões se tornando eventos frequentes que ameaçam vidas, subsistência e segurança alimentar. A mudança climática também afeta a sobrevivência dos micróbios, facilitando a propagação de vírus. De acordo com um artigo publicado pela Plataforma Intergovernamental de Política Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, é provável que as pandemias aconteçam com mais frequência, se espalhem mais rapidamente, tenham maior impacto econômico e matem mais pessoas”.
Foto destaque: Li Lou/ Banco Mundial – A cada ano, cerca de 7 milhões de pessoas morrem de doenças e infecções relacionadas à poluição do ar