O ouro feminino que reluz nas olimpíadas

Por

Jairo Lima*

Em 31.07.2021

Esse novo mundo que vem surgindo me leva ao pódio do otimismo.

A ginasta artística americana Simone Biles, um dos nomes favoritos para medalhas de ouro em várias modalidades nas Olimpíadas de Tóquio, deu um grande exemplo de coragem, digna de medalha de ouro. Ela tornou-se a primeira ginasta em seu gênero a ganhar três campeonatos mundiais consecutivos no individual geral, além de obter cinco títulos mundiais no individual geral, em 2016. Foi incluída na lista de 100 mulheres mais inspiradoras e influentes pela BBC e, em sua primeira Olimpíada, no Rio de Janeiro, em 2016, Simone Biles foi considerada um dos grandes destaques, com conquistas incontestáveis e grande clamor do público e mídia, tanto nas provas individuais quanto de equipes.

Com esse currículo, seria improvável para o mundo, inclusive pra ela mesma, que nas Olimpíadas de Tóquio o público pudesse ficar sem ver a sua graça, destreza e capacidade ímpar de uma atleta de ponta. Mas, o que vimos foi uma grande coragem, uma atitude inesperada de desistência em seguir na competição internacional, reconhecendo e admitindo não se encontrar em condições mentais o suficiente para as disputas.

O mundo do atletismo, claro, veio a abaixo, entre criticas e elogios, mas, aqui eu me aproprio de uma trecho de uma música de Caetano Veloso: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é…” Com essa atitude, a atleta que encantou o mundo quis apenas dizer: pare o mundo que eu quero descer. E isso é que conta, é que vai lhe fazer feliz. Tanto glamour, sucesso, vida de celebridade, tira a liberdade, o direito de cada um ser que quer e precisa ser.

Muitos de nós engolimos sapos em nome do politicamente correto, das cobranças, das pressões…simplesmente porque não temos a mesma coragem de Simone Biles. Somos humanos, não somos robôs, como bem disse Rebeca Andrade, que nesta quinta-feira, dia 29 foi medalha de prata na ginástica artística, onde naturalmente concorreria com a americana. Aliás, é surpreendente o grau de maturidade dessas jovens atletas. Rebeca, após a conquista, foi muito serena, simples, agradecida, sem falar na Fadinha que dispensou posar ao lado de políticos no Maranhão, que nunca lhe apoiaram.

Ela que também encantou o mundo cantando e dançando na final da competição de skate, mostrando e, lógico, nos ensinando que ante os desafios, entre a fé, a determinação, a vontade, a garra, os treinos, cabe perfeitamente a leveza do ser.

Esse novo mundo que vem surgindo me leva ao pódio do otimismo.

*Jairo Lima é poeta, artista plástico e membro da Academia Cabense de Letras