Bachelet chocada com assassinato de defensor de direitos humanos rohingya
ONU News
Em 01.10.21
Mohib Ullah se dedicou na luta “para garantir o fim das violações” contra a população minoritária; alta comissária da ONU para os Direitos Humanos exige investigação rápida sobre a morte em campo de refugiados em Cox’s Bazar.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos expressou seu “choque e tristeza” com o assassinato do defensor de direitos humanos Mohib Ullah, que passou a vida lutando contra violações à população rohingya.
Nesta sexta-feira, em Genebra, Michelle Bachelet divulgou comunicado, onde pede uma investigação rápida e eficiente sobre o crime. Ela também presta tributo “a um defensor de direitos humanos excepcional, que apesar de todos os riscos, continuou defendendo os direitos do seu povo”.
Refugiados
Mohib Ullah era presidente da Sociedade para Paz e Direitos Humanos Arakan Rohingya. Ele foi morto a tiros na quarta-feira, por homens não-identificados, num campo de refugiados em Cox’s Bazar, sul de Bangladesh.
O local, criado em 2017, abriga 750 mil rohingyas, que fugiram dos assassinatos em massa, estupros e perseguições atribuídos a forças de segurança de Mianmar.
Durante anos, Ullah coletou informações sobre violações sofridas pela população rohingya no estado de Rakhine, noroeste de Mianmar, e lutou por ação internacional em prol do seu povo.
Depoimento em Genebra
Em março de 2019, o defensor esteve no Conselho de Direitos Humanos da ONU, onde falou sobre a discriminação dos povos rohingya, e explicou a situação vivida há décadas, “privados dos seus direitos básicos, incluindo acesso à nacionalidade, terra, saúde e educação”.
Na ocasião, ele declarou que os rohingyas são “cidadãos de Mianmar”, mas não têm “identidade, etnia ou país”. A alta comissária Michelle Bachelet afirmou que as palavras de Ullah foram “muito fortes e destacaram a situação terrível dos rohingya”. Ainda assim, quatro anos depois, essa população continua esperando por justiça e pela chance de voltar à casa.”
Bachelet afirma que o assassinato do defensor apenas reforça ser preciso fazer muito mais para ajudar essa comunidade, tanto em Bangladesh, quanto em Mianmar.