JOVENS AUTORES – Cassino Royale e o James Bond de Daniel Craig

Por

Rui Xavier Filho*

Em 03.12.2021

James Bond, desde a época do Connery, era um personagem menos sentimental e mais robótico no sentido de cumprir seu dever. Assisti recentemente toda a franquia ‘Missão Impossível’ e Ethan Hunt é o oposto, ele age pela sua emoção. Ele quer cumprir sua missão, mas as pessoas com quem se preocupa é mais importante. Connery, Lazenby e Moore nunca receberam essa abordagem. Quantas vezes, antes de Timothy Dalton, assistimos Bond salvar a BondGirl por motivos pessoais ? Isso é tão inútil de se pensar que têm filmes com duas ou mais mulheres para o agente secreto.

Quando lança ‘The Living Daylights’, tudo muda. Uma BondGirl explicitamente a principal dos filmes, um Bond que continua com humor, mas usado mais como segundo ou terceiro plano. Nunca o foco, como na era Moore, era a graça e nem o sarcasmo, como na era Connery. Até chego a citar em algumas outras reviews a “amálgama James Bond”, que seria justamente essa mistura que formavam o personagem e seus filmes. Quando chega na vez de Dalton, essa liga parece se reforçar até o limite. Não por ser ruim e estar buscando algo mais, mas sim por elevá-la à um patamar que nunca havia chego antes.

Quando chegamos em ‘Casino Royale’, a melhor escolha para o filme só poderia ser a que foi tomada. Principalmente a escolha por Daniel Craig como o agente secreto do MI6, um ator introspectivo, pouco explosivo para qualquer lado da moeda. Craig é a junção de Connery e Moore e acompanha a linha de Dalton, enquanto se distancia de Brosnan.

Dito isto, a ideia do diretor acaba mostrando bem essa ação mais direcionada em função de uma idealização direta. Em outras palavras, as cenas de ação com uma decupagem, escolha sequencial de planos, de ação contemporânea, com vários cortes no corpo a corpo e, no espaço temporal entre uma luta corporal e outra, uma câmera mais contemplativa, como o plano aéreo dos guindastes na luta em Nassau, ou a cena do chuveiro. No máximo, cada cena tem 3 cortes, enquanto as lutas em si se alinham mais numa sequência maior, enquanto em perseguições ou há um corte ou uma câmera que prefere se mover do que forçar a sua amiga, a decupagem, cortar. Com a ideia de mostrar mesmo a ansiedade de Bond, do perigo que ele corre e que ele tem noção disso

Porém, se Bond tem noção do perigo e é competente para lidar com ele, há um fator que só veríamos no britânico em 1987 com Dalton e aqui é bem explorado, o sentimento.

Como já citada, a cena do chuveiro é o melhor exemplo de sentimentalismo em um filme de ação, junto com a sequência final de ‘Missão Impossível 3’ e o casamento no fim de ‘Licence to Kill’, assim como a arrogância do agente durante todo o filme e as conversas que M tem com ele sobre “saber que está realmente pronto” e “não levar isso para o sentimental”.

Como bem feito, a focalizada ação age como um motor para outros elementos, como a comédia (mais momentânea) ou os romances (também momentâneos). Bem feito pois seu ápice não é exagerado como Connery e Brosnan, quase deixado de lado como Moore, mas utilizado como ideia aliada pelo sentimental, como Daniel Craig.

*Rui Xavier Filho, 17 anos, é aluno do 2º ano do Ensino Médio na Escola Parque-Piedade.

NOTA DO EDITOR

Com esta crônica assinada por Rui Xavier Filho, de apenas 17 anos de idade, o blog Falou e Disse dá sequência à coluna JOVENS AUTORES. O espaço é destinado a estimular e encorajar adolescentes e jovens a compartilharem as suas ideias e os seus pontos de vista de maneira mais ampla, buscando publicar crônicas e artigos sobre os mais variados temas.

A crônica Cassino Royale e o James Bond de Daniel Craig foi editada respeitando-se a íntegra do texto recebido.

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