A dívida de Caruaru a Augusto Tabosa
Jénerson Alves*
Em 17.12.2021
No dia 22 de dezembro de 2021, completam-se 80 anos da morte de um dos maiores poetas caruaruenses. Porém, se você chegar a Caruaru e perguntar por Augusto Tabosa, mui provavelmente a resposta será referente a uma rua ou a uma escola. Infelizmente, poucas são as pessoas que conhecem a vida por trás do nome do logradouro ou do prédio público.
De origem humilde, Augusto nasceu em 1880 no Sítio Vertentes, área rural do município. Parece-me que as águas do lugar têm sabor de conhecimento. Aprendeu as primeiras lições com o pai, Manoel. Porém, autodidata, passou a vida estudando sozinho e desenvolveu notável erudição.
Já adulto, saiu do campo e abriu uma mercearia no centro de Caruaru. Pouco tempo depois, fechou o comérico e abriu uma escola. Não era um homem de dinheiro, mas de estudos. Mantinha dois cursos: um, diurno, para meninos; outro, noturno, para rapazes. Essencialmente vernaculista, era um exímio professor de Língua Portuguesa.
Augusto Tabosa casou-se com Dona Ernestina e sempre foi um chefe de família respeitável. Segundo o historiador Nelson Barbalho, o poeta era “magro, alto, espigado, cara amarrada, pescoço agirafado. Vestia-se com simplicidade, porém com decência”.
Em 1929, recebeu uma medalha de ouro vinda de Portugal. Ganhou, em primeiro lugar, um concurso literário com o soneto ‘A felicidade’ (abaixo reproduzido). Sem dúvida, Caruaru deve uma justa homenagem a este artista magistral. Contudo, carente de alma, como pode uma cidade louvar um poeta?
A felicidade
Felicidade!… imagem fugidia,
Cantando o fado, majestosa e bela!…
Peregrina visão de todo dia,
Que a gente vive de sonhar com ela!…
Núncia de pompas, gôso e fantasia,
Fagueira buena-dicha nos revela;
Sempiterna miragem de alegria,
Quem não se embala nos sorrisos dela?
Repleto de esperanças, muito embora,
O batelão da vida vai singrando
De encontro as penedias, mar em fóra…
E ela – a Deusa suspirada e bela,
De longe em longe apenas acenando,
A gente morre de esperar por ela!…
*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.
Foto destaque: Augusto Tabosa, retratado em bico de pena por Petrônio Santos
Jénerson, maravilha de aapanhado literário e s de significativa memória da terra de Caruaru. Sou da terrinha e da família. Viva o poeta de “Floco de Neve”. Jose Nildo Tabosa
Olá Sr José Nildo Tabosa. Aqui Antonio do Sítio Passarim em Rio Verde MS.
Li com interesse a homenagem ao professor Augusto Tabosa.
Quando a minha irmã Rosimére de Freitas Silva, faleceu nos anos 40, o professor Augusto Tabosa escreveu um poema para ela.
…” desperta das amarguras, deste viver infeliz….Rosimére está dormindo “. O poema foi publicado num jornal de Caruaru. Não me lembro na íntegra.
Será possível resgatar essa obra prima depois de tantos anos ?
Se for possível resgatar, por favor nos ajude. Estou recuperando as memórias da família.
Tenho fotos do colégio Sagrado coração de Jesus, do ano de 1921 ano da fundação do educandário dirigido pelas freiras da Irmandade das Carmelitas. Minha mãe Maria Jupira de Freitas está na foto com 8 anos de idade.
Agradeço ao senhor se puder ajudar
Antonio Roberto de Arruda
antoniorobertoarruda@gmail.com