A Sagrada Família de Canigiani
Jénerson Alves*
Em 04.02.2022
Artista de talento inquestionável, Rafael Sanzio é um dos principais nomes do Renascimento. Nascido na Itália, em 1483, era filho do pintor e poeta Giovanni Santi, com o qual aprendeu as primeiras lições artísticas. Em seguida, estudou no estúdio de Perugino, um dos mais influentes pintores da época. Posteriormente, teve como mestres Leonardo Da Vinci e Michelangelo.
É devido à influência desses artistas que vemos nas obras de Rafael técnicas como o ‘sfumato’, que consiste no uso de um sombreamento suave, em vez de traços extremamente delineados. Outro aspecto que chama a atenção é que as figuras retratadas em suas telas têm feições comuns.
Um dos quadros mais celebrados de Rafael é ‘A Sagrada Família de Canigiani’, cujo nome faz alusão à família de Florença que encomendara a tela. Na tela, vê-se Isabel com o bebê João Batista e José e Maria com o Menino Jesus. As crianças são retratadas nuas, como uma representação de pureza. A auréola sobre as personagens indicam a santidade das figuras do Novo Testamento.
Os anjos, retratados na parte superior, foram descobertos durante uma restauração da obra, nos anos 1980. Eles estavam cobertos por uma tinta azul, provavelmente de uma restauração anterior, realizada no século XVIII. As figuras angelicais, de certa forma, fazem lembrar do texto bíblico de Hebreus 1:6, no qual o autor diz que Deus, ao introduzir o Primogênito no mundo, conclamou “que todos os anjos O adorem”.
O mundo dos anjos e o dos homens estão presentes em uma única cena, assim como Cristo é o Verbo Encarnado. Entre outras sensações, este quadro parece evocar um convite à humanidade. Abraçar a nossa humanidade é reconhecer o Sagrado presente no cotidiano.
*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.
Imagem: A Sagrada Família de Canigiani – Rafael Sanzio, 1507