Livro homenageia Douglas Menezes, maior cronista do Cabo nas últimas quatro décadas

Por

José Ambrósio dos Santos*

Em 26.03.2022

Livro será lançado hoje (sábado 26 de março) às 19h30 no Colégio Mário de Andrade, Centro do Cabo de Santo Agostinho

Douglas Menezes, um operário das letras. É esse o título do livro que homenageia o professor que durante mais de 40 anos encantou muita gente com crônicas, artigos, poesias, livros, composições e contos, sendo reconhecido como o maior cronista do Cabo de Santo Agostinho (PE) nas últimas quatro décadas.

De autoria do jornalista José Ambrósio dos Santos, a publicação tem lançamento programado para hoje (sábado 26) às 19h30 no Colégio Mário de Andrade, no Centro da cidade.

Tanto envolvimento e tanta dedicação à literatura conduziram naturalmente Douglas Menezes a participar das articulações para a fundação da Academia Cabense de Letras (ACL). Criada no dia 07 de maio de 2009 e formalizada quatro meses depois, no dia 04 de setembro, com a posse de 15 membros efetivos, a Douglas Menezes foi destinada a cadeira número 11, que ele honrou até a despedida, na Quarta-feira de Cinzas do Carnaval de 2020.

O modo como Douglas Menezes escrevia sobre o município do Cabo de Santo Agostinho e seus moradores fazia o leitor passear pela cidade sentindo os cheiros, ouvindo os ruídos das ruas, das avenidas, dos becos, das ladeiras.

Douglas Menezes autografando o seu primeiro livro, Lua de Pedra, em 09 de julho de 1983.

Sexto filho do casal Antonino José de Oliveira e Maria Tereza Menezes de Oliveira, Douglas Menezes sempre conviveu com o que há de mais genuíno em uma cidade que até a sua adolescência e juventude mantinha características provincianas, ainda cheirando a cana de açúcar, embora já tomada por chaminés de fábricas.

Em 120 páginas, o autor mostra que mesmo morando na cidade que é o primeiro Distrito Industrial de Pernambuco, Douglas Menezes tomou o caminho inverso de grande parte dos jovens da sua geração (nasceu em 1953) e optou por ser um operário das letras.

Uma frase dita por qualquer pessoa; uma manchete de jornal; uma música marcante; um livro ou uma simples citação de um(a) autor(a); um fato da atualidade ou do passado, principalmente envolvendo personagens da cidade. Eram essas as matérias-primas utilizadas por Douglas Menezes no dia a dia, quando não estava na sala de aula exercendo o nobre ofício de professor, missão que abraçou com paixão logo que entrou na faculdade.

O resultado, crônicas, contos, poesias e artigos que a todos encantavam. Grande parte dessa obra literária, principalmente as crônicas, enriquecem este livro, que também reúne depoimentos de personagens cabenses com os quais ele conviveu e compartilhou emoções e alegrias. “Douglas foi ele próprio um poema. Ele “paria” as palavras como quem amava e sentia o poder da transformação de suas criações. O professor e amigo Douglas Menezes era um mediador ‘mediúnico’ entre o universo das letras e o mundo real. Suas crônicas soavam como uma declaração de amor e cuidado.” A definição é da Assistente Social, poeta, escritora e presidente da Academia Cabense de Letras, Neilza Buarque.

Alma literária da cidade – Sua produção era tão intensa e significativa que Douglas Menezes foi considerado a alma literária da cidade. Quem assim o classificou foi o seu irmão, o poeta e escritor Antonino José de Oliveira Júnior (Tuninho), outro importante representante da família Menezes de Oliveira no campo da literatura também já falecido. Em crônica publicada no tabloide Tribuna Popular da última semana de abril de 2010, ele sintetizou: “Douglas Menezes é a alma literária da cidade, que, apesar dos pesares, é rica nas rimas, versos e prosas de suas ladeiras centenárias.”

O professor – Graduado em Letras (Unicap), em Comunicação Social (UFPE) e pós-graduado em Literatura Brasileira (Faintivisa) e Leitura, Compreensão e Produção Textual (UFPE), Douglas Menezes era também apaixonado pela literatura. Tanto é que dedicou a vida ao ensino, a repassar à juventude conhecimentos, valores éticos, sentimentos de cidadania e a ensinar a arte da reflexão, do pensar e compreender o valor transformador da educação. A primeira experiência com sala de aula aconteceu quando ele ainda estava na faculdade. Foi na Escola Técnica Profissional do Cabo, conhecida como a Escola do Padre Melo, vizinha à Igreja Matriz, na década de 1970.

O jovem professor tomou tanto gosto pela missão de ensinar que passou talvez mais da metade da vida em sala de aula. Somente no Colégio Estadual Maria Eugênia, o antigo Colégio Estadual Polivalente, em Ponte dos Carvalhos – iniciou no dia 22 de julho de 1980 e ensinou até a sua morte, em 26 de fevereiro de 2020 (quase 40 anos) -, foram mais de 30 anos trabalhando o dia todo, todos os dias (de segunda a sexta). Além disso, trabalhou em diversas escolas e cursos preparatórios para vestibulares. Entre eles, Colégio Mário de Andrade, Colégio Pontual, Colégio Elo, CEE Colégio e Curso, Colégio Santa Bárbara, Birô Jurídico (Caruaru), entre outros.

Douglas Menezes se despediu da cidade e da sua gente que tanto amou e cantou na noite da Quarta-feira de Cinzas de 2020. Horas antes da partida escreveu a sua última crônica. Ironicamente, ela tinha como título: “Felizmente, a vida continua”, que reflete sobre a ilusão do carnaval.

Editado pela Vedas Edições, o livro tem o seu Prefácio assinado pelo Mestre em Educação, professor e escritor Nelino Azevedo de Mendonça, vice-presidente da Academia Cabense de Letras. A Apresentação traz a assinatura do irmão mais velho de Douglas, o jornalista Roberto Menezes, que no jornalismo impresso atuou no Jornal do Commercio, Jornal do Brasil e O Globo. Na Rede Globo de Televisão atuou como Diretor de Jornalismo da Rede Globo Nordeste, Editor-chefe do Bom Dia São Paulo, Editor-chefe do Jornal Nacional e Chefe de Redação do Globo Repórter. Já o jornalista Wilson Ribeiro Firmo assina toda a programação visual, inclusive da capa.

O livro Douglas Menezes, um operário das letras, pode ser adquirido em e-book na Amazon pelo link https://www.amazon.com.br/dp/B09WB2NLFH.

*José Ambrósio dos Santos é jornalista e integrante da Academia Cabense de Letras.