Relatora da ONU diz que Agenda 2030 “falha” em igualdade racial e combate à discriminação
ONU News
Em 08.07.2022
Tendayi Achiume apresentou o relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a luta contra a discriminação racial; para ela, são precisos mais compromissos apesar de algumas melhorias em iniciativas dos últimos anos.
Promessas para avançar no combate ao racismo e em promover a igualdade racial estão sendo vítimas de “fracos compromissos”, segundo a relatora especial* sobre formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata.
A declaração foi feita por Tendayi Achiume durante a apresentação à 50ª. sessão do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.
Promessas não cumpridas
Para ela, a retórica de “não deixar ninguém para trás” não se aplica ao tema da discriminação racial.
A especialista não descarta melhorias, mas diz que é preciso fazer mais para combater o racismo no mundo.
A relatora citou “ataques sem fundamento à teoria racial crítica ou CRT, na sigla em inglês, que têm tentado demonizar exigências por uma reflexão mais honesta e aprofundada sobre o racismo sistêmico”.
Achiume acredita que os compromissos estão ausentes da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.
A relatora lembrou que a pandemia de Covid-19 revelou profundas desigualdades raciais com sistemas econômico-financeiros servindo de motores do “subdesenvolvimento” e da discriminação racial.
“Hierarquias internacionais”
Tendayi Achiume garante que muitas pesquisas provaram que a ordem financeira e de desenvolvimento perpetuou os problemas de direitos humanos e desigualdade econômica.
A relatora afirma que a pandemia serviu para desmontar redes de previdência no sul global aumentando a dependência de “povos ex-colonizados”.
Para Achiume, é hora de “descolonizar os sistemas econômico, jurídico e político.”
E a receita da relatora é acabar com o que chama de “hierarquias internacionais que se movimentem além das visões eurocentristas”, modelos e meios de desenvolvimento econômico.
*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.