A Festa de Herodes e a Decapitação de São João Batista
Jénerson Alves*
Em 09.09.2022
O pintor italiano Benozzo Gozzoli (1420-1497) é um dos principais nomes do Renascimento italiano. Entre suas obras, é válido destacar ‘A Festa de Herodes e a Decapitação de São João Batista’, que faz parte da plataforma do retábulo da Compagnia della Purificazione. A pintura retrata a narrativa da morte de João Batista, registrada nos Evangelhos sinóticos.
Os textos sagrados mostram que São João havia sido preso por denunciar o pecado do rei Herodes, que havia casado com a mulher do seu irmão, Herodias. Contudo, Herodes realizou uma grande festa de aniversário. Na ocasião, Salomé, filha de Herodias, dançou de tal forma que encantou a todos os presentes. Extasiado, o rei ofereceu à garota tudo o que ela quisesse “até metade do reino”. Ao perguntar à mãe o que pedir, Salomé é orientada a exigir a cabeça de João Batista. Relutantemente, Herodes ordena o degolo de João, embora temesse ao profeta, por saber que ele era homem justo e santo.
No painel, Gozzoli retrata as três cenas simultaneamente: o banquete, a decapitação e a apresentação da cabeça de João Batista a Herodias. Essa representação era comum na arte gótica, a qual predominou entre os séculos XII e XIV, no final da Idade Média. Mesmo assim, esse método também foi empregado durante a Renascença.
Herodes me ensina que o casamento com a estultícia é perigoso. A filha da estultícia baila e engana a todos, levando-nos a decapitar a justiça e a santidade, representadas por João Batista. Isso acontece tão rápido, quase ao mesmo tempo, como na obra de Benozzo Gozzoli.
*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.
Imagem: ‘A Festa de Herodes e a Decapitação de São João Batista’, de Benozzo Gozzoli (1461-1462)