Crônicas

“O Sorriso é o Sol da alma”

Jénerson Alves*

Em 25.11.2022

A frase que intitula este artigo é também o título de um soneto escrito por Oliveira de Panelas, conhecido repentista nordestino que recebe o epíteto de ‘Pavarotti da Viola’. No poema, ele chega a afirmar: “Nenhum gasto se tem com um sorriso, / ele é bom para o corpo e o juízo, / para nossa saúde e muito mais”.

O sorriso é um motivo muito comum nas artes. Quem não lembra do enigmático sorriso da Monalisa de Leonardo da Vinci? Há sorrisos serenos, outros que representam festas e carraspanas, como na tela ‘Baile no cabaré Moulin de La Gallet’, de Renoir, bem como sorrisos de cenas familiares. Na literatura modernista, vemos Drummond, ao descrever o aspecto fantástico das mulheres, afirmar: “É próprio da mulher o sorriso que nada promete e permite tudo imaginar.”

O sorriso, como extensão da alegria, também aparece nas Escrituras Sagradas! Disse o Rei Salomão: “A alegria embeleza o rosto” (Pv 15:13). Antes dele, o Rei Davi já declarava que o próprio Deus está no céu “rindo” (Sl 2:4). No Novo Testamento, São Paulo Apóstolo é enfático: “Tenham alegria; repito: tenham alegria!” (Fp 4:4).

Contudo, ao tirar os olhos das artes e fitá-los na realidade, preciso concordar com o filósofo que utiliza o pseudônimo Seymour Glass: “Vivemos numa época sem graça. A perda do riso é notória entre os jovens. Quando riem, riem de coisas absurdamente sem graça ou de coisas sérias – que não deixam de ser também sem graça. O riso espirituoso, puro, o verdadeiro riso, tem um quê de transcendência. Mas o riso maldoso também tem lá seu quê de transcendência. Demoníaca, mas tem”.

*Jénerson Alves é jornalista e membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. Escreve às sextas-feiras.

Imagem: Self-portrait with a Lantern, de Ferdinand Waldmüller

 

O que você achou desse conteúdo?

Discover more from

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading