Meu Natal tem um ar triste
Jénerson Alves*
Em 23.12.2022
Não quero ouvir sinos neste Natal, também não me apetece uma ceia farta, dispenso o pinheiro ornamentado, as luzes cintilantes e as caixas de presentes; rejeito convites para amigos-secretos e cantatas natalinas.
Gostaria de ouvir a voz de queridos que já partiram; minha fome é de um passado que não volta; meu presente é uma nostalgia de tempos idos; as canções do meu hoje não possuem o encanto que eu sentia na infância.
À semelhança de Machado de Assis, indago-me: “Mudaria o Natal ou mudei eu?”
Será que estou me transformando em uma caricatura do velho Scrooge, “duro e áspero como uma pedra de amolar”?
Meu Natal tem um ar triste.
Penso, porém, que a pequena estribaria em Belém também tinha um ar triste naquela noite gélida e escura. Até ser iluminada, não simplesmente pelo fenômeno astronômico da estrela, mas principalmente pelo Menino que nasceu.
Meu Natal tem saudade do passado e sede de eternidade.
Os anos escorreram como as águas de Babel, mas Sião tem água da fonte eterna.