Lar: prisão ou oásis

Por

Vera Rocha*

Em 12.07.2020

Qual sentimento permeia o horizonte mental quando se está no lar? Porque a casa são as paredes e tetos; já o lar é uma composição que inclui família, ambiente e sentimentos. Portanto, tornar a casa um lar é tarefa de quem nela está. Se o ambiente geográfico é agradável, por vezes bucólico; se os cômodos e mobílias são proporcionais às necessidades dos ocupantes; se tem os recursos financeiros, hídricos e energéticos, higienização, bom convívio, cooperação e amor, pode-se comparar a um oásis.

Mas o grande desafio está na adversidade.

Quando o espaço geográfico é acidentado, insalubre, apertado, com parcos recursos hídricos, energéticos e financeiros, o convívio pode tornar-se insuportável e difícil de administrar as emoções cotidianas. Quando surgem situações inusitadas, como é o caso pelo qual passa a humanidade atualmente, em que somos obrigados pelas circunstâncias ao convívio do lar como o construímos, enfrentando nossas sombras e as sombras alheias.

E não adianta procurar culpados, atirar flechas, dardos ou o que quer que seja para acalmar nosso estado interior.

As imposições instigam a rebeldia! Muitas vezes com altivez dizemos: “eu só faço o que eu quero!” Somos forçados a admitir que fazemos o que precisa ser feito.

Precisamos entender que somos dotados de inteligência, mas não podemos tudo! Segundo Albert Einstein, o primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma. Portanto, nem arrogância nem desleixo no trato da vida. Podemos nos sentir prisioneiros de nós mesmos. Cuidemos para estar bem, sendo benevolentes onde estivermos e em quaisquer circunstâncias, vencendo a nós mesmos, pois de acordo com Mahatma Gandhi, nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.

… pois de acordo com Mahatma Gandhi, nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.

Tornar nosso lar prisão ou oásis é decisão intrínseca que exige luta social, alteridade, renúncia e muita sabedoria.

*Vera Rocha é escritora, poeta, psicopedagoga, autora do livro “A cidade vista da minha janela & outros olhares” e membro da Academia Cabense de Letras. Escreve aos domingos.