A ameaça neonazista gestualizada na posse de Trump: será o início do fim?
Tereza Soares*
Em 21.01.2025
Em meio às falas apocalípticas ouvidas na posse do Donald Trump neste fatídico 20 de janeiro, uma delas trouxe grande incômodo e acena para um mundo mais sombrio ainda. A exibição do Elon Musk ao brincar com o futuro do planeta afirmando que irá “salvar a civilização” com seu plano nefasto de libertinagem midiática traz a cena a ameaça da falta de regulação das redes sociais no Brasil, proposto pela Meta aos EUA. Até então, contamos com o fato de que o ministro Alexandre de Moraes sinalizou barrar a abolição da checagem de conteúdo patrocinado pelas Big Techs no Brasil, sendo este também um dos pontos preocupantes para o mundo, e ainda mais agora, depois da posse do pseudo imperador norteamericano.
Quem não viu assustado o bilionário Elon Musk, executivo da Space X e da Tesla, fazendo gesto nazista descaradamente na posse do Trump? O alerta é para que se não tivermos lei que moderem os conteúdos nas plataformas mais acessadas como Facebook, Instagram e WhatsApp, como querem os novos Hitleres, estejamos sujeitos a mergulharmos no obscurantismo da desinformação, levando ao enfraquecimento das instituições democráticas.
Afinal, o resultado seria a ampliação das condutas de ódio, nazismo, fascismo, misoginia, homofobia e discursos antidemocráticos. E então, seria o caos para a educação, sinalizando com a desconstrução de uma pedagogia mais justa, confundiria as relações sociais com novos e constantes apelos ao modo ‘fakes news’ e suas consequências desastrosas. Será mesmo que seremos afetados pelo conteúdo contrário aos direitos humanos que poderíamos ver no conforto dos nossos lares, online, ao extremo de sermos confrontados por sistemas de IA discriminatórios dentro de casa?
A autorização de insultos homofóbicos, misóginos e xenofóbicos chegando ao ponto de associar homossexualidade a doença mental só gerará mais resistência de grupos sectaristas com consequências desastrosas para o convívio social, contrariando as proposições de uma cultura de paz. Para rebater esse tipo de ocorrência, há respostas garantidas de pesquisas que dizem no âmbito da espiritualidade que a homoafetividade e a identidade de gênero são escolhas cujas almas precisam vivenciar e então “quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”.
A ameaça iminente ao combate ao discurso de ódio nas redes sociais no Brasil, isso sim é algo preocupante, porque sabemos que esses discursos tendem a seguir estimulando ações concretas com a transferência desse tipo de violência para o físico e o resultado seria o aumento de casos de feminicídio e de todos os tipos de violência e desumanidades no momento de tantos exílios causados por catástrofes naturais e guerras, em que necessita-se oferecer acolhimento a refugiados e imigrantes estrangeiros.
A xenofobia, ora defendida com orgulho por Trump, não pode “viralizar” no mesmo mundo em que mães educam seus filhos para o respeito ao direito do colega, que faz o papel do outro, nosso semelhante, nosso irmão. Não somos ilhas egoicas com direito a excluir humanos do projeto vida. Há de haver formas de por em prática a solidariedade entre nações pelo fim da exclusão de pessoas ao território do alimento, do trabalho, do abrigo.
Esse afrouxamento dos discursos de intolerância nas mídias digitais assevera a misoginia, cuja facilidade de se manifestar online, em redes sociais, videojogos e outros espaços ficaria ainda mais facultada. Sendo crime cibernético, precisa continuar levando a julgamento e condenação, assim como levou Bolsonaro, em quem recai nove crimes de misoginia e sexismo praticados desavergonhadamente contra mulheres brasileiras, além de declarações racistas e homofóbicas.
A misoginia é um crime que promove a desigualdade de gênero e a falta de representação feminina em posições de poder. Então, contra as injustiças de gênero só a efetiva participação feminina nos espaços em todos os setores sociais e o afetivo olhar de quem sabe como é melhor viver livre, com direitos garantidos e com amparo constitucional para votar e ser votada, por exemplo.
Tereza Soares é jornalista, poetisa, psicopedagoga e escritora. Integrante da Academia Cabense de Letras.
Imagem – CNN Brasil