Geleiras do mundo perderam mais de 6 bilhões de toneladas de gelo de 2000 a 2023, aponta estudo
Renata Turbiani, para o Um Só Planeta
Em 21.02.2025
A cada 365 dias derrete, em média, o equivalente a 30 anos de consumo de água por toda a população mundial
O derretimento das geleiras do mundo elevou o nível do mar em quase 2 cm neste século, de acordo com uma pesquisa internacional liderada pelas Universidades de Edimburgo (Escócia) e Zurique (Suíça) e publicada na revista Nature. Entre 2000 e 2023, essas formações perderam coletivamente 6,542 bilhões de toneladas de gelo.
Em média, 273 bilhões de toneladas de gelo são perdidas por ano, o equivalente a 30 anos de consumo de água por toda a população mundial. A maior perda, segundo o estudo, foi registrada nos últimos 10 anos. Pelos dados coletados, cerca de 36% mais gelo derreteu de 2012 a 2023 do que na década anterior, de 2000 a 2011.
O trabalho destaca ainda que, no período analisado, o volume total das geleiras diminuiu em 5%, com perdas regionais variando de 2% nas Ilhas Antárticas e Subantárticas a 39% na Europa Central.
“Esses números são impressionantes. Eles servem como um lembrete de que as coisas estão mudando rápido em algumas regiões”, disse o coautor Noel Gourmelen, presidente pessoal de Observação da Terra na Escola de Geociências da Universidade de Edimburgo, ao The Guardian.
Os pesquisadores destacaram que as geleiras são o segundo maior contribuinte para o aumento global do nível do mar, depois do aquecimento do oceano. Elas também são indicadores naturais de mudanças climáticas e desempenham um papel fundamental em muitas comunidades, fornecendo recursos hídricos vitais, especialmente durante as estações secas e sustentando energia hidrelétrica.

Para realizar este estudo, que faz parte do Exercício de Intercomparação de Balanço de Massa de Geleiras (GlaMBIE, na sigla em inglês), os cientistas coletaram e analisaram dados de medições de campo e de missões de satélites ópticos, de radar e a laser. As observações por satélite incluíram as das missões Terra/ASTER e ICESat-2 dos Estados Unidos, GRACE dos Estados Unidos e da Alemanha, TanDEM-X da Alemanha e CryoSat da Agência Espacial Europeia.
“Beneficiando-se dos diferentes métodos de observação, o GlaMBIE não só fornece novos insights sobre tendências regionais e variabilidade ano a ano, mas também podemos identificar diferenças entre métodos de observação. Isso significa que podemos fornecer uma nova linha de base observacional para estudos futuros sobre o impacto do derretimento de geleiras na disponibilidade regional de água e na elevação global do nível do mar”, completou o também coautor Michael Zemp, diretor do Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras (WGMS, na sigla em inglês) da Universidade de Zurique, em comunicado.
Imagem destaque: A geleira de Corbassière, na Suíça — Foto: Wikimedia Commons